Comércio externo ainda cresce, mas em ritmo menor

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As exportações brasileiras continuam crescendo, mas em ritmo menor. A média diária das vendas ao exterior em outubro aumentou 20,5% em relação ao mesmo mês de 2010. A elevação é bem menor que alta de 29,3% entre janeiro e outubro, na comparação com igual período do ano passado.

As importações seguiram tendência semelhante. Em outubro, a média diária dos desembarques cresceu 19,5% na comparação com outubro de 2010. No acumulado em dez meses, a alta é de 24,9%.

A desaceleração nos embarques e desembarques, porém, não é creditada, por economistas, aos efeitos da crise financeira global. Para José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a desaceleração acontece em razão da base alta de comparação. "No segundo semestre do ano passado, houve grande aumento da corrente de comércio, o que resulta em menor crescimento agora."

Mesmo que a crise ainda não esteja aparente nos números gerais de comércio exterior, diz Castro, alguns fatores chamam a atenção nas importações. Em outubro a média diária de importação de bens de capital e de matérias-primas e intermediários cresceu em taxas bem menores que a média diária de desembarque total.

A importação de bens de capital em outubro cresceu 10,3% em relação à média diária do mesmo mês do ano passado. Na mesma comparação, o desembarque de matérias-primas e intermediários cresceu 11,8%. A média diária da importação total no mês de outubro cresceu 19,5%.

Para Castro, a desaceleração nas compras de bens de capital pode ser resultado do receio em relação aos efeitos da crise global na economia brasileira. "Os desembarques em outubro, contratados há dois ou três meses, mostram que a confiança em investir não está tão alta assim."

Há dois ou três meses, lembra, havia câmbio favorável para a importação e oferta de crédito, o que incentivava a importação de máquinas e equipamentos. "O receio de uma desaceleração mais forte da economia em função da crise pode ter influenciado a decisão de não adquirir tantos bens de capital", diz o vice-presidente da AEB.

A redução no ritmo de crescimento da importação de bens intermediários e matérias-primas, acredita Castro, acompanha o movimento de desaceleração da produção. "Além de um crescimento menor de produção, há a desindustrialização em alguns segmentos, o que incentiva a compra de produtos acabados."

Rafael Bistafa, economista da Rosenberg e Associados, também credita à desaceleração industrial o menor crescimento de intermediários. Segundo dessazonalização feita pela consultoria, com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, a importação dessa categoria de produtos vinha crescendo até agosto, quando passou a apresentar tendência de queda. A importação de intermediários e matérias-primas caiu 3,7% em setembro, na comparação com agosto e 4,6% em outubro, também na comparação com agosto.

Os números, explica Bistafa, refletem a desaceleração da produção industrial, em razão de crescimento menor da economia doméstica. O economista diz, porém, que ainda não há efeito da crise global, já que a importação de matérias-primas e intermediários ainda continua em patamar alto.


Veículo: Valor Econômico


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