Com projeção negativa do PIB para o 3º trimestre, nível de atividade tende a aumentar no ano que vem.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil tem grandes chances de ficar negativo no terceiro trimestre de 2011, ainda assim as perspectivas para o país são boas e tendem a melhorar a partir do segundo semestre do ano que vem. A previsão é do economista-chefe do Banco ABC (Arab Banking Corporation), Luís Otávio de Souza Leal, que esteve em Belo Horizonte para falar sobre as tendências econômicas do Brasil e do mundo para clientes da instituição, especializada na concessão de crédito a pequenas e médias empresas.
Se as perspectivas não são boas para o final de 2011 e início de 2012, o quadro tende a se reverter a partir do segundo semestre do ano que vem. O que se projeta, segundo o economista do Banco ABC, é que o crescimento fraco dos primeiros meses seja compensado com resultados animadores a partir de agosto. No último trimestre de 2012 o Brasil crescerá 8%, mas no saldo do ano o crescimento ficará em torno de 3,5%. "Estamos em uma situação muito melhor que a de nossos pares da Europa ou a dos Estados Unidos", garante.
Para não perderem oportunidades, Souza Leal aconselha as empresas a ficarem "de olho" no panorama que será vislumbrado a partir de abril ou maio, "e assim não perderem a chance de surfar na onda". "Quem estiver preparado poderá fazer bons negócios", afirma. Entretanto, nos próximos meses o que se verá é um mercado volátil, dependendo muito da situação da crise na Europa. "Nesta crise somos expectadores, ela ainda está lá fora, mas não pode ser perdida de vista". Para Souza Leal, o Brasil só ficará numa situação mais insegura se houver um calote por parte da Itália.
Surpresas - O conselho do economista-chefe do Banco ABC é para que aqueles que não estão acostumados com mercado optem por investimentos mais conservadores, como os fundos de renda fixa, que não trarão surpresas. "Quem fizer isso não terá uma festa, mas também não passará por dores de cabeça", prevê. Por outro lado, em médio prazo as perspectivas são muito boas para o Brasil. Ele lembra, neste sentido, que aqueles que optam por correr risco poderão fazer bons negócios, já que no mercado há sempre alguém perdendo e alguém ganhando. "Pode ser conveniente adiar o investimento, mas não engavetá-lo", ensina.
Trata-se de um cenário semelhante ao vivido em 2008, época da grande crise mundial, quando o PIB do Brasil ficou negativo por dois trimestres. A diferença é que agora, com mais experiência, diversas medidas estão sendo tomadas para evitar que o problema afete mais o país, muitas delas voltadas para estimular o consumo. O governo poderá conceder isenções fiscais, intensificar programas de transferências de renda, como o bolsa-família, ou usar os bancos públicos para agirem na concessão de crédito.
O indicador da temperatura da economia brasileira, ressalta, será o varejo. Neste caso, vale ressaltar que o consumidor está mudando. O que aconteceu há alguns anos foi a migração das classes D e E para a classe C, que optou pela aquisição de bens duráveis como geladeiras, televisão e outros. Como esses bens já não são mais necessários, o consumo está se voltando para o setor de serviços: cabeleireiros, manicures, passagens aéreas e outros. Esta mudança não é favorável para a indústria, mas neste caso o problema é mesmo a perda de competitividade. Até setembro, a balança comercial da indústria nacional estava com um déficit de U$S 86,7 bilhões.
Veículo: Diário do Comércio - MG