Encomendas natalinas frustram indústrias

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As encomendas de Natal não foram suficientes para acelerar o ritmo das indústrias de calçados e vestuário instaladas em Minas Gerais. Conforme as empresas e representantes dos dois setores consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, as férias coletivas previstas para o fim do ano serão mantidas, já que não há expectativa de pedidos de última hora.

Segundo o diretor comercial da Spatifilus, Gilson Oliveira, a estimativa era de que a unidade fabril, com planta em Belo Horizonte, colocasse o pé no acelerador para atender à demanda do Natal, porém, as previsões iniciais não foram confirmadas. Ele diz que a queda de desempenho percebida na indústria ao longo do ano se estendeu para o período natalino e, com isso, os cálculos de crescimento tiveram de ser reduzidos. "Hoje acreditamos em uma expansão bastante modesta, de 4% em relação a 2010. Antes das encomendas de fim de ano, achávamos que chegaríamos aos 8%", aponta.

Ele descarta a possibilidade de pedidos inesperados, que poderiam elevar a receita da companhia. Isso porque, conforme explica o executivo, o longo ciclo da produção de calçados inviabilizaria novas demandas para o Natal.

No momento, a Spatifilus já está de olho em 2012, mais precisamente no lançamento da coleção outono-inverno. A fabricação das peças para essas estações começará já na segunda quinzena deste mês e, por isso, a empresa optou por trabalhar com rodízio de funcionários e não com férias coletivas.

Apesar do mau humor que ronda os mercados internacionais, a companhia está confiante para o próximo ano, quando estima crescer entre 4% e 5% ante o atual exercício. O otimismo é fruto das medidas adotadas pelo governo, como a redução da taxa de juros e o maior acesso ao crédito. Porém, Oliveira salienta que o momento exige cautela e, portanto, não há investimentos previstos para 2012. A ideia é manter a atual estrutura, sobretudo porque a capacidade instalada na planta da Spatifilus permite uma ampliação da produção.

O proprietário da Luiza Barcelos, Luiz Barcelos, também acredita em bons resultados para o ano que vem na esteira das medidas macroprudenciais adotadas pelo governo para minimizar os efeitos da crise global. Segundo ele, o varejo já está dando claros sinais de desaquecimento.

Prova disso, segundo o empresário, é que as encomendas para o Natal foram aquém do esperado na Luiza Barcelos, que tem fábrica em Belo Horizonte. Com a produção já finalizada para a data, a companhia concedeu férias coletivas aos funcionários entre a segunda quinzena de dezembro e a primeira semana de janeiro.

Assim como Oliveira, Barcelos garante que as encomendas de última hora estão completamente descartadas devido às especificidades do negócio.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados, Bolsas e Materiais de Segurança de Belo Horizonte e Região (STI Calçados BH e Região), Rogério Aquino, estima que cerca de 70% das empresas do setor optem pelas férias coletivas nesta época do ano. A exceção são fábricas que preferem manter parte do trabalho para os lançamentos da coleção outono-inverno, que são apresentados em uma feira do segmento, em janeiro.

De acordo com Aquino, o pessimismo dos empresários do ramo, que relatam dificuldades para atingir as metas estipuladas para 2011, não condiz com a opinião dos trabalhadores. Do ponto de vista do sindicato, este foi um ano positivo, já que os índices de rotatividade e demissão de funcionários foi baixo. "Acho que há um pouco de exagero dos empresários. Mas também é uma estratégia, já que está chegando o momento de negociação coletiva e o aumento do salário mínimo já gera um impacto", opina. Em 2012, o atual piso nacional de R$ 545 passará para R$ 622,73.


Vestuário - Embora a maioria das confecções de Divinópolis, na região Centro-Oeste do Estado, pretenda dar férias coletivas aos funcionários a partir do fim de dezembro, ainda há espaço para novas encomendas. O diretor do Divishop, maior espaço de vendas por atacado da cidade, Edilson Costa, diz que se houver um boom da demanda, as empresas estão preparadas para intensificar a produção.

Ele acredita nesta perspectiva devido ao pagamento do 13º salário e da chegada do "clima natalino". Para o Natal deste ano, a estimativa é que o Divishop aumente seu faturamento em 10%, na comparação com o ano passado. Já o acumulado do ano tem decepcionado os empresários do ramo. Costa diz que, inicialmente, a estimativa era que entre janeiro e novembro, a receita registrasse um salto de 13% ante igual intervalo do ano passado. Porém, a alta só chegou a 8%.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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