As vendas continuam altas em relação ao ano passado, mas em fevereiro caíram 0,5% ante janeiro, quando haviam subido 3,3%
As vendas no varejo recuaram 0,5% na passagem de janeiro para fevereiro, mas o resultado foi encarado como positivo por economistas.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) explicou que a redução captada pela Pesquisa Mensal de Comércio foi influenciada principalmente por um ajuste, por causa de uma base de comparação mais forte. Em janeiro, as vendas tinham subido 3,3%.
Também contribuiu para o recuo das vendas o fato de janeiro ter tido mais dias úteis.
"O desempenho (-0,5%) ficou acima da nossa expectativa para o mês, que contemplava retração de 1,0%", lembrou Mariana Oliveira, analista da Tendências Consultoria Integrada.
Na comparação com fevereiro do ano anterior, entretanto, o volume de vendas saltou 9,6%. O arrefecimento na inflação dos alimentos alavancou a recuperação nas vendas dos supermercados (11,8%).
"A alta das vendas do varejo em fevereiro foi basicamente puxada por supermercados e por móveis e eletrodomésticos, que também ajudaram", afirmou Reinaldo Pereira, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
As vendas de móveis e eletrodomésticos subiram 13,3% em fevereiro.
Como resultado, os setores de supermercados e o de móveis e eletrodomésticos foram responsáveis por 83% das vendas no comércio varejista em fevereiro.
Ritmo menor. Por outro lado, no varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e veículos, as vendas subiram bem menos, apenas 2,5%, em relação a fevereiro do ano passado. O tombo de 10% na atividade de veículos e motos, partes e peças minimizou a expansão de supermercados e móveis no período.
"A queda de automóveis ante fevereiro de 2011 foi por causa do aumento da alíquota de importação sobre veículos. As montadoras estavam importando muitos automóveis para vender aqui", justificou Pereira.
Dificuldade. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê um período mais longo de dificuldades para a atividade de automóveis.
"Esse cenário tende a permanecer ruim para veículos por conta do aperto no crédito", analisou o Bruno Fernandes, economista da CNC. "As vendas no comércio ainda serão sustentadas por supermercados e móveis e eletrodomésticos, sem muita contribuição de veículos", afirmou Fernandes.
A CNC prevê uma expansão de 7% no varejo restrito em 2012. Nos últimos 12 meses, as vendas já cresceram 6,7%. Mas a taxa vem mostrando redução desde março de 2011.
"As medidas para incentivar o consumo e o afrouxo monetário só serão sentidos a partir do segundo semestre. Há uma defasagem natural, e nesse primeiro semestre, as famílias estão com um nível de endividamento muito alto, sem fôlego para se endividar mais", disse o economista da CNC.
O IBGE também vê um horizonte favorável para o comércio, e prevê que o esforço do governo para reaquecer a demanda interna deve se refletir nas próximas leituras da pesquisa.
"O governo está tomando medidas para incentivar o comércio interno. Se derem certo, essa curva (das vendas em 12 meses) vai melhorar novamente no varejo restrito", avaliou Pereira.
Veículo: O Estado de S.Paulo