Importadores se unem para reagir contra medidas protecionistas do governo Dilma

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Tradicionalmente avessos à exposição pública, os importadores reforçaram seu lobby para reagir às medidas protecionistas da presidente Dilma Rousseff. Criaram ou revigoraram entidades de classe, contrataram consultorias renomadas e recorreram até a ex-funcionários do governo Lula.

 

Defender a importação é uma missão ingrata no Brasil. O argumento da indústria nacional em prol do emprego tem apelo, especialmente na equipe econômica. Para ganhar a simpatia da população, os importadores adotaram o discurso de defesa do consumidor e controle da inflação.

 

"A importação sempre foi o patinho feio. Parece que importar é pecado", diz Alfredo de Goye, presidente da Sertrading. As maiores tradings do País (Cotia, Cisa, Comexport e Sertrading) estão incomodadas com o aumento de licenças não automáticas, tarifas antidumping e outras barreiras à importação.

 

Essas empresas também demonstram receio com a disposição do governo de acabar com a "guerra dos portos" (benefícios estaduais para produtos importados). O argumento das tradings é que os incentivos promovem o desenvolvimento regional ao descentralizar os desembarques de mercadorias.

 

Para influenciar nesse debate, as tradings revigoraram a Associação Brasileira das Empresas Comerciais Exportadoras (Abece), com a contratação de Ivan Ramalho, ex-secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento no governo Lula. Encomendaram um estudo para a Rosemberg & Associados e se reuniram informalmente com o ex-ministro Delfim Netto.

 

"No governo Dilma, indiscutivelmente, houve um crescimento das medidas protecionistas", disse Ramalho. Ele critica a falta de disposição do governo em conversar com os importadores. "O Ministério da Fazenda está convencido de que há uma invasão de importações."

 

Imagem. Os importadores querem fugir da imagem de contrabandistas e sonegadores que persegue o setor desde a década de 80. Até mesmo os importadores da Rua 25 de março, conhecidos por trazerem "bugigangas" da China, estão se organizando.

 

Em 2006, esses importadores fundaram a Associação Brasileira de Importadores de Produtos Populares (Abipp). "A associação surgiu da necessidade de mostrar a cara e diferenciar os importadores que pagam impostos", diz Gustavo Dedivitis, que presidiu a Abipp.

 

A Abipp ganhou novos associados que trazem produtos de maior valor agregado e se transformou na Associação Brasileira dos Importadores de Bens de Consumo (Abcon). Dedivitis, que hoje preside a Abcon, acredita que Dilma é mais protecionista que Lula. "No governo Lula, existia uma preocupação com os pobres e nós trazemos produtos para essas pessoas. Já o governo Dilma elegeu os importadores como os bandidos da história."

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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