FMI prevê inflação acima do centro da meta

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) não acredita no cumprimento do centro da meta de inflação de 4,5% fixada pelo Brasil para este e o próximo ano, levantando dúvidas sobre a capacidade de o Banco Central atingir o principal objetivo de sua estratégia de política monetária.

 

O FMI projeta para o país inflação de 5% para 2013, portanto acima do centro da meta definida pelo governo, de 4,5%. A estimativa consta do relatório Panorama Econômico Mundial, divulgado ontem, às vésperas da reunião de primavera dos organismos de Bretton Woods.

 

Para este ano, a projeção do FMI é uma inflação também de 5%, igualmente acima da meta, também definida em 4,5%. No relatório, o Fundo afirma que o Brasil tem espaço mais limitado de manobra na política monetária depois que as expectativas de inflação do setor privado se moveram acima da meta. O mercado projeta inflação de 5,08% em 2012 e de 5,5% em 2013, segundo pesquisa do BC.

 

A taxa de 5% projetada pelo FMI representa, na prática, um desvio pequeno em relação ao centro da meta. Se a inflação ficar em 5%, o BC terá cumprido seu objetivo, já que o sistema brasileiro admite uma variação da inflação entre 2,5% e 6,5%. Mas a projeção não deixa de representar um certo ceticismo do FMI sobre a condução da política monetária. O BC tem reafirmado que irá cumprir o centro das metas deste e do próximo ano.

 

Quando o BC tem credibilidade absoluta, normalmente as projeções para a inflação do ano seguinte se alinham com a meta, porque teoricamente seu cumprimento depende das medidas de política monetária que estão sendo tomadas. A inflação do ano corrente varia de forma um pouco mais independente das medidas de política monetária. Isso porque eventuais altas de juros levam pelo menos nove meses para terem seus efeitos mais importantes na inflação. A inflação do ano corrente também está mais suscetível à eventual inércia de aumentos de preços ocorridas no passado.

 

Em setembro do ano passado, o FMI projetou a inflação do Brasil no centro da meta em 2012, em 4,5%, numa demonstração de confiança na política monetária. Na época, o BC dizia que a inflação de 2011 iria ficar acima da meta, mas que convergiria para o centro no ano seguinte. Já o mercado financeiro estava cético em relação ao trabalho do BC, projetando inflação de 5,61% para 2012.

 

O FMI projeta um crescimento de 3% para o Brasil em 2012, e de 4,1% em 2013. Com isso, na visão do FMI, o Brasil chegaria próximo de seu Produto Interno Bruto (PIB) potencial e, portanto, teria menos espaço para novas medidas de estímulo à economia. O PIB potencial é uma medida de quanto uma economia pode crescer sem acelerar a inflação.

"Olhando para frente, há uma série de fatores [que estimulam a economia]", disse Thomas Helbling, funcionário do departamento de pesquisa do FMI. "De um lado, você tem a ajuda do relaxamento de políticas na demanda agregada e, de outro, alguma ajuda da melhora da economia global."

"À medida que a economia brasileira se aproxima de seu potencial em termos de crescimento, há um sentimento de que não é preciso muita ajuda adicional de políticas [de estímulo monetário]", afirmou Helbling, em conversa com um grupo de jornalistas brasileiros após a divulgação do relatório.

 

O FMI crê no cumprimento das metas de superávit primário de 3,1% do PIB em 2012 e 2013, projeta uma trajetória cadente para a dívida pública e diz que a política fiscal está na direção certa ao abrir caminho para o uso da política monetária como principal instrumento de estímulo econômico.

 

Veículo: Valor Econômico


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