Governo recua em medida cambial para facilitar obtenção de crédito no exterior

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A falta de crédito no exterior para empresas e bancos levou o governo a rever ontem uma medida adotada há pouco mais de três meses para enfrentar o que a presidente Dilma Rousseff chamou de "tsunami monetário". A equipe econômica reduziu o prazo dos empréstimos feitos lá fora que precisam pagar Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6%.

 

Agora, somente financiamentos de até dois anos terão de pagar esse pedágio para que o dinheiro entre no Brasil. Até então, o imposto era cobrado para operações de até cinco anos.

 

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o principal objetivo é facilitar o crédito em moeda estrangeira para empresas e bancos. A mudança também tem impacto no câmbio, mas o efeito será menor. "A influência é mais no crédito do que no câmbio", afirmou.

 

Ontem, o dólar fechou em queda de 0,72%, cotado a R$ 2,057, diante da especulação de que o governo pode rever também a cobrança de IOF sobre contratos de câmbio, principal demanda de investidores. Mas a medida foi descartada pela Fazenda.

 

De acordo com Mantega, quando o governo aumentou o alcance do IOF sobre empréstimos, em março, havia receio de que empresas e bancos ficassem muito endividados em moeda estrangeira. Agora, porém, o excesso de dólares que estava "inundando" o Brasil, forçando uma valorização do real, acabou. Além disso, o governo verificou que empresas e bancos têm tido dificuldade para rolar dívidas com empréstimos de prazos maiores.

 

"Naquele momento, havia muita liquidez e entrava muito recurso estrangeiro. Estavam irrigando o Brasil com empréstimo de curto prazo. Agora, julgamos que esse excesso terminou e estamos abrindo possibilidade para que bancos e empresas voltem a tomar crédito no exterior sem essa taxa de IOF", afirmou.

 

Mantega negou que falte crédito para o País no exterior. Disse que o problema hoje são os prazos. Também não manifestou preocupação com o câmbio. Em maio, entretanto, houve saída de dólares do País, a primeira desde dezembro de 2011.

 

"Antes de a crise recrudescer, havia facilidade maior em tomar crédito de longo prazo. Agora está mais difícil, e é possível que (empresas e bancos) queiram tomar crédito de prazo menor. Estamos facilitando isso."

 

Nathan Blanche, sócio da Tendências Consultoria, avalia que a medida anterior do governo contribuiu decisivamente para mudar a tendência do fluxo cambial - ao lado da crise europeia.

 

Ele lembrou que, entre março (quando entrou em vigor) e maio, o fluxo financeiro ficou negativo em US$ 7,5 bilhões. Entre janeiro e fevereiro, havia sido positivo em US$ 9 bilhões. Por isso, ele apoia a mudança, embora critique o governo pelo curto espaço entre as duas regulamentações.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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