A indústria cai enquanto o comércio varejista cresce

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A produção industrial brasileira no primeiro quadrimestre apresentou queda de 2,8%, e o comércio varejista ampliado apresentou, em volume, crescimento de 6,2% - o que permite concluir que o descasamento entre produção industrial e consumo doméstico (coberto pela importação) continua aumentando.

 

A campanha irresponsável do governo para que se aumente o consumo, desencadeada há tempos, produz efeitos: as vendas ampliadas (que incluem veículos e material de construção) registram, com ajuste sazonal, queda de 0,8%, em fevereiro, e crescimento de 0,6% e 0,8%, em março e abril. Não há dúvida de que uma redução de impostos, como fez o governo recentemente para alguns setores, tem efeito sobre a demanda num país em que o desemprego é pequeno e a renda tende a aumentar.

 

Mas quem se aproveita disso são os fornecedores estrangeiros, enquanto as nossas exportações crescem menos.

 

Examinando as vendas do comércio por setores, incluindo veículos e material de construção, verifica-se que só houve queda de vendas nos supermercados e nos produtos de alimentação em geral que, segundo dados com ajuste sazonal, apresentaram uma redução de 0,5%, que talvez reflita os efeitos do endividamento excessivo junto com alguma redução de pessoal na indústria, que se registra pela primeira vez no ano. É preciso lembrar, entretanto, que, no quadrimestre, esse setor foi o que apresentou o maior crescimento (15,1%), por causa do reajuste, em janeiro, de 14% do salário mínimo.

 

As vendas de material de construção aumentaram, em abril, 1,9%, com ajuste sazonal, o que mostra que a construção civil mantém seu dinamismo. É interessante observarmos que o crescimento das vendas de automóveis e de combustíveis foi da mesma proporção, 1,3%, nos dois casos, representando o sucesso da política fiscal do governo no caso de veículos automotores, que nos dois meses anteriores acusaram uma queda de vendas superior a 3%. O outro setor que respondeu bem aos incentivos foi o de tecidos, vestuário e calçados, que cresceu 1,4% e que havia apresentado, no mês de fevereiro, um recuo de 2,2%.

 

Não se pode exibir muito entusiasmo pelo resultado do comércio varejista ampliado, pois seu movimento se sustenta, em vários casos, numa renúncia fiscal provisória que o governo dificilmente poderá manter e que, aliás, é uma injustiça com outros setores. Todavia, o problema que este quadro denuncia é que dependemos cada vez mais do exterior.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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