Analistas pedem mais investimento para o país

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Nível de inadimplência e endividamento indicaria um esgotamento do poder de consumo das pessoas



O consumo das famílias não deve impulsionar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2012 como fez no ano passado, devido aos altos níveis de inadimplência e endividamento da população. Essa é a avaliação de especialistas consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, que acreditam que somente com uma política econômica direcionada ao investimento em infraestrutura, será possível obter uma expansão sustentável da economia.

Na avaliação do presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Cláudio Gontijo, apesar das inúmeras contribuições do governo, por meio de medidas de estímulo à economia, alguns fatores como a disponibilidade de crédito e a inadimplência já indicam um esgotamento do poder de consumo no país. Segundo ele, isso é reflexo de um cenário de recessão e incertezas.

"O consumo está diretamente ligado ao crédito e à inadimplência e ambos já não apresentam o vigor que apresentavam no ano passado. Por isso, já começa a chegar em seu limite, dependendo ainda mais de fatores externos que também não estão sendo muito favoráveis, como é o caso da crise econômica internacional", explica.

Ainda segundo Gontijo, medidas voltadas ao estímulo do consumo podem auxiliar na manutenção do crescimento do país, no entanto, sozinhas não surtem efeitos duradouros. "Para isso seria necessário, por exemplo, uma redução substancial do compulsório ou das próprias taxas de juros", diz.

Estímulo - O economista Ofir Viana Filho concorda com a opinião de Gontijo e destaca que o governo federal tentou estimular o crescimento do país por meio de algumas ações, como redução e isenção de impostos, obtendo alguns resultados durante determinado período, mas lembra que os mesmos chegaram a seus limites. "Se analisarmos a demanda de consumo tanto interna quanto externamente, veremos que de alguns meses para cá os índices só vêm caindo", afirma.

Em se tratando especificamente do consumo no mercado doméstico, Viana Filho acredita que o endividamento do brasileiro seja o principal motivador para o arrefecimento. Para o economista, justamente por estarem com o orçamento comprometido é que as famílias estão adiando os gastos.

"Na verdade, o governo adota medidas e estimula as famílias a gastar sem primeiro educá-las. Isso impede um maior controle sobre o crescimento do consumo no país, elevando os índices de inadimplência e inflação. Neste último caso, pelo menos, tem-se observado um maior controle por parte da esfera federal", completa.

O professor do Ibmec, Felipe Leroy, por sua vez, além do alto índice de endividamento da população cita o fim de uma demanda reprimida no país. Segundo ele, na atual conjuntura econômica brasileira, o consumo até contribui com parte do crescimento, mas não gera grandes resultados.

"O mercado interno segue aquecido já há alguns anos. Com isso, índices como taxa de crescimento, volume de emprego e renda da população apresentam resultados aquém do esperado, não proporcionando um ambiente favorável ao consumo. Tudo isso somado ainda à instabilidade da economia internacional acaba prejudicando o crescimento do país, afetando as expectativas de curto e médio prazos", justifica.

Já no que se refere ao longo prazo, Leroy ressalta a importância da atuação do governo na base da economia, principalmente no que diz respeito aos investimentos em infraestrutura. "O Brasil ainda é uma nação exportadora de commodities. A partir do momento em que o país tiver uma estrutura para exportar também produtos de maior valor agregado é que vamos ter um crescimento sustentável do PIB", conclui.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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