Apesar de ter caído do posto de capital com a cesta básica mais cara do País desde dezembro do ano passado, Porto Alegre registrou, pelo terceiro mês consecutivo, alta no preço do conjunto de gêneros alimentícios essenciais. Em junho, a Capital gaúcha só perdeu para São Paulo, onde o custo dos itens ainda é o mais caro entre as 17 capitais analisadas pelo Dieese na Pesquisa Nacional da Cesta Básica. Apenas três capitais (Salvador, Recife e Goiana) registraram queda de preços.
No mês passado, a cesta básica na Capital registrou alta de 2,87%. No ano, o conjunto de itens acumula alta de 1,23% e, em 12 meses, está 2,95% mais caro. A explicação para isso, segundo a técnica do Dieese, Daniela Sandi, é que, “entre outros fatores”, o clima adverso, principalmente para produtos in natura, prejudicou a oferta destes itens. Consequentemente, o tomate e a batata sofreram elevação de preços nos últimos meses. Além da batata (52,25%) e do tomate (21,48%), oito dos 13 produtos que compõem a cesta básica estão mais caros, enquanto cinco tiveram redução de preços, como o pão (-4,48%) e o café (-3,61%).
O óleo de soja também foi um dos produtos que mais encareceu nas gôndolas durante junho, apresentando alta de preço em 15 regiões, incluindo Porto Alegre (2,01%). O custo do arroz também se elevou em 12 capitais. Em Porto Alegre, o produto subiu 4%, ajudando a encarecer o prato típico brasileiro, uma vez que o preço do feijão também sofreu aumento (de 4,45%).
Outro produto que teve peso elevado na cesta básica foi a carne, que em junho ficou mais cara em 16 capitais, em comparação ao mesmo período do ano passado. Mas se comparado a maio de 2012, o valor da carne apresentou comportamento heterogêneo, com nove cidades registrando aumento de preço, ante oito com queda no valor do produto. Em Porto Alegre, comer carne ficou 0,18% mais barato. Isso não livrou o bolso do trabalhador que teve que desembolsar 48,98% do salário-mínimo líquido de junho para adquirir os 13 itens básicos para a alimentação. Em maio, o valor da cesta representava 47,61% do salário-mínimo. “Quem recebe R$ 622,00 por mês gasta quase metade deste dinheiro somente com alimentação básica, sobrando muito pouco para os demais itens do orçamento. Ainda que o salário-mínimo tenha tido valorizações importantes nos últimos anos, com aumentos acima da inflação, está ainda muito aquém das necessidades do trabalhador brasileiro”, adverte Daniela.
Para julho, período de entressafra, principalmente da carne, a projeção da técnica do Dieese é que pode ocorrer aumento de preço devido à redução da oferta no período, em razão do menor volume de pastagens. “Mas até o momento não há nenhum indicativo maior da pressão da carne na cesta básica gaúcha”, frisa Daniela. A economista sugere que, para diminuir os gastos, a solução é o consumidor procurar comprar produtos da safra, e aproveitar os dias de ofertas das principais redes de supermercados ou adquirir itens hortifrutigranjeiros em feiras.
Veículo: Jornal do Comércio - RS