Desastre nas vendas

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Consumo fraco surpreende e comércio tem queda de 0,8% em maio, o maior recuo em 42 meses. Analistas veem dias difíceis pela frente


A artilharia pesada utilizada pelo governo de Dilma Rousseff para tentar reverter o quadro de forte desaceleração da economia brasileira está se mostrando cada vez menos eficaz, confirmando o prognóstico de especialistas de esgotamento do modelo de crescimento baseado no consumo das famílias. Um contundente alerta desse colapso foi a divulgação, ontem, da queda de 0,8% das vendas do varejo em maio na comparação com abril. Foi o pior resultado dos últimos 42 meses, segundo a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O número deixou os analistas atônitos. Eles apostavam numa alta entre 0,6% e 1% nessa base de comparação e de 11,2% no confronto entre os meses de maio de 2011 e o deste ano — alta que, no entanto, não passou de 8,2%. O tombo entre maio e abril só não foi maior que o registrado em novembro de 2008, de 1,3%, quando o mundo parou por causa do estouro da bolha imobiliária norte-americana, que levou à derrocada do Lehman Brothers.

À época, o governo brasileiro optou por combinar políticas fiscal e monetária. O Ministério da Fazenda deu início aos cortes no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros e eletrodomésticos e o Banco Central derrubou a taxa básica de juros (Selic), política que se mostrou acertada dois anos depois. No quadro atual, porém, a mesma tática tem se mostrado insuficiente. “O baixo resultado das vendas, principalmente dos setores beneficiados pela redução do IPI, talvez sinalize que o impacto dessa medida está encontrando o seu limite”, alertou a economista Aleciana Gusmão, uma das técnicas responsáveis pela elaboração da pesquisa mensal do comércio, do IBGE.

Aleciana revelou que, entre os setores que têm maior peso nos cálculos feitos pelo IBGE, os dois cujas quedas geraram maior impacto foram o de móveis e eletrodomésticos (-3,1%) e o de materiais de construção (-11,3%), justamento os que receberam incentivos da redução de tributos. “Para nós, esses dados são preocupantes, porque tratam de dois setores sensíveis à oferta de crédito, o que pode continuar a travar o crescimento do varejo para os próximos meses”, avaliou a economista do IBGE.

 
Veículo: Correio Braziliense


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