Comércio varejista mostra erro da política econômica

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O comércio varejista de maio deu uma resposta negativa à tentativa do governo de estimular as famílias a aumentarem suas compras. Desde o aumento do salário mínimo em mais de 14%, das reduções do IPI, da queda das taxas de juros, do aumento do volume do crédito e do recuo da inflação, nunca, neste ano, a reação do comércio foi tão decepcionante.

Pela primeira vez no ano o volume das vendas varejistas, com ajuste sazonal, apresentou valor negativo: -0,8%, embora os cinco primeiros meses, em relação ao mesmo período de 2011, registrem crescimento positivo de 9,6%. A queda de maio é ainda mais significativa por ser o mês do Dia das Mães.

Esse comportamento do varejo dá uma ideia do volume de endividamento das famílias e do crescimento da inadimplência que, segundo a Serasa Experian, foi de 19,1% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2011.

Diante dessa situação e levando em conta a ameaça de desemprego que começa a se fortalecer, as famílias contiveram suas despesas, com cada inadimplente carregando quatro dívidas não honradas e 60% deles tendo compromissos acima de 100% da sua renda.

A análise da distribuição das compras por setor revela que todos procuraram reduzir gastos e escolher produtos de menor preço ou que oferecessem melhores condições de financiamento.

Os gastos com combustíveis, que em abril haviam aumentado na margem de 2,6%, apresentaram recuo de 0,8% em maio. Após dois meses de queda das compras nos supermercado e lojas de alimentos, o volume das vendas desse setor cresceu apenas 0,1%. O setor têxtil e de vestuário, que geralmente reage bem no Dia das Mães, cresceu apenas 0,3%. As vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 3,1%. As de artigos farmacêuticos e de perfumaria ficaram estáveis. O melhor desempenho foi de artigos de informática, cujas vendas aumentaram 3,5%, estimuladas por facilidades de crédito.

O comércio varejista ampliado teve um bom crescimento em automóveis, cujas vendas aumentaram 1,5%, mas as de material de construção apresentaram queda muito violenta, de 11,3%, indicando que as famílias não querem assumir compromissos de longo prazo. A essa altura, o governo deveria se convencer de que os incentivos ao consumo se tornam ineficazes diante do alto nível de dívidas das famílias. Só os investimentos podem alimentar a demanda.


Veículo: O Estado de S.Paulo


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