Puxado por alimentos, IPCA é de 0,43% em julho e acumula 5,2% em 12 meses

Leia em 2min 40s

Resultado mostra que a inflação continuará sob pressão no segundo semestre, quando tomate e hortaliças serão substituídos pelos grãos


Os alimentos continuarão pressionando a inflação no segundo semestre. Em julho, o tomate foi destaque isolado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,43%, a maior alta desde abril (0,64%). A inflação acumulada no ano é de 2,76% e em 12 meses, de 5,2%, revertendo o movimento decrescente iniciado em setembro de 2011 (6,97%).

O tomate e as hortaliças e legumes, que puxaram o IPCA do mês passado, serão substituídos pela soja, milho e derivados, cujos preços já subiram no atacado desde o fim do primeiro semestre. Os dois grãos são utilizados como ração animal e devem carregar com eles uma alta de preço das carnes. Analistas acreditam que também um reajuste dos combustíveis da Petrobrás vai pesar sobre o orçamento das famílias nos próximos meses.

Ainda assim, a expectativa é de que o governo atinja a meta de inflação de até 6,5% e o Banco Central mantenha a trajetória de redução da Selic. O ritmo mais lento da economia deverá compensar a alta de preços dos alimentos e combustíveis. A avaliação da coordenadora do IPCA no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes, é que, por enquanto, a inflação não captou a aceleração da economia. "Mas está relacionada a motivos pontuais."

No mês passado, o tomate respondeu sozinho pelo IPCA, com 25% de participação na formação da taxa. E os veículos automotivos, que em junho despencaram o índice para 0,08%, o menor do ano, já não tiveram o mesmo efeito em julho.

"Problemas climáticos não respondem bem a variações na Selic. Logo, jogar no colo do Banco Central essa fatura seria no mínimo equivocado. Mantemos nosso cenário de queda da Selic em até 7,0%, pelo menos. O problema maior é a atividade e agora, mirar na inflação, seria a estratégia errada", afirmou em relatório o economista-chefe do banco Gradual Investimento, André Perfeito.

Para o economista-chefe do banco de investimento J. Safra, Carlos Kawall, a inflação deverá permanecer no nível atual ao longo do ano e fechar 2012 em 5,2%. Já o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, aposta em 5,3%.

Nos próximos meses, o encarecimento da soja e do milho, que já aparece no atacado, deverá ser percebido também no varejo. O preço da soja ao produtor deverá ficar 12,63% mais caro no segundo semestre, após alta de 34,9% de janeiro a junho, prevê Felipe Prince, economista da consultoria Agrosecurity. "Poucos produtores ainda têm soja para vender."

Para o milho, a previsão é de alta de 7,17% no segundo semestre, após queda de 22% no primeiro semestre. Com mais impacto do que a soja na composição do IPCA, a expectativa é que o milho seja destaque nos índices dos próximos meses.

Sem a concorrência dos Estados Unidos, onde a seca prejudicou a produção, o Brasil passou a exportar mais e a oferecer menos soja e milho para o mercado interno. A ocorrência de seca no Rio Grande do Sul ainda prejudicou a safra brasileira de soja, contribuindo para a alta do preço do produto.



Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Queda na arrecadação deve levar Dilma a adiar cortes de impostos

Presidente disse a integrantes da equipe econômica que pretende cumprir meta de superávit das contas p&uacu...

Veja mais
Choque de alimentos

A economia brasileira começa a enfrentar nova parada dura que tem tudo para ser novo choque de alimentos.A estoca...

Veja mais
Para analistas, alimentos devem puxar alta do IPCA de julho

Com os alimentos em alta, a expectativa dos economistas é que julho apresente inflação mais intensa...

Veja mais
Produtos agrícolas terão menos influência nos próximos meses

O impacto nos índices de preços ao consumidor das fortes altas dos preços de commodities agrí...

Veja mais
Senado aprova duas MPs que ampliam incentivos à indústria

No primeiro dia de esforço concentrado do Senado, os senadores aprovaram na terça-feira o projeto de conve...

Veja mais
Cesta básica da capital gaúcha volta a ser a mais cara do Brasil

Salário-mínimo deveria ser de R$ 2.519,97 para suprir custosFrio e excesso de chuva prejudicaram a produ&c...

Veja mais
Inflação cresce mais no Brasil, mesmo com a atividade fraca

De 27 países que adotam o regime de metas de inflação, em apenas seis o índice de preç...

Veja mais
Fecomércio-SP mostra aumento da intenção de consumo do paulistano

O indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), divulgado na última sexta-feira pela ...

Veja mais
Pesquisa indica cautela do consumidor brasileiro

FGV aponta que 54% das famílias estão com renda comprometida em até 50% Pesquisa inédita fei...

Veja mais