Vendas da indústria caem, apesar do câmbio

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Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que a crise mundial chegou ao setor em outubro. Os economistas da entidade admitiram surpresa com a velocidade da chegada do impacto. Na expectativa deles, os primeiros sinais negativos viriam no início de 2009. A comparação dos indicadores industriais de outubro com os de setembro, descontados os fatores típicos do período, mostra recuos no faturamento (0,2%) e nas horas trabalhadas. A utilização da capacidade instalada (UCI) caiu 0,5 ponto percentual, de 82,9% para 83,4%. 

 

Nas horas trabalhadas, outubro teve o maior recuo desde janeiro de 2007. O uso da capacidade registrou a maior queda desde agosto de 2005. O emprego ficou estável, mas 8 de 19 setores demitiram em outubro. A receita real caiu, mesmo com a alta do dólar, que favoreceu o faturamento das empresas exportadoras. 

 

A indústria automobilística teve quedas importantes. Na comparação com o mesmo mês de 2007, o crescimento do faturamento caiu de 22,9% (setembro), para 9,1%. Nas horas trabalhadas, a mesma comparação revela que, em setembro, houve variação de 12,9% e, em outubro, baixou para 9,3%. No emprego, a desaceleração foi menor, de 7% para 6,2%. O aumento da UCI das montadoras baixou de 1,1% (setembro de 2008 sobre setembro de 2007) para 0,9%. 


 
Os economistas da CNI, Flávio Castelo Branco e Marcelo Ávila, disseram que vão rever as projeções de 5,3% e 5% que tinham feito para os aumentos do PIB e do PIB industrial neste ano, respectivamente. "A conjunção do aperto de liquidez que travou o crédito e a queda da demanda por commodities industriais mudou o cenário doméstico. As indústrias já sentiram e devem reduzir o investimento, o que vai se refletir no crescimento", avaliou Castelo Branco. 

 

Os fortes crescimentos dos indicadores industriais, de janeiro a outubro, perderam importância porque, de acordo com Castelo Branco, a perspectiva é preocupante. A comparação desses dez meses com igual período em 2007, teve aumentos de 8% no faturamento, 6% nas horas trabalhadas, 4,3% no emprego e 5,2% na massa salarial real. Na comparação de outubro com o mesmo mês no ano passado, as elevações também foram relevantes: 6,9% (faturamento), 4,9% (horas trabalhadas), 3,9% (emprego) e 3,8 (massa salarial). 

 

O faturamento da indústria, em outubro, teve crescimento desacelerado. Em setembro, tinha sido 11,8% maior que o do mesmo mês em 2007. Em outubro, o aumento baixou para 6,9%. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, a CNI verificou que, em setembro, o salto foi de 8,2%. Em outubro, caiu para 8%. Em máquinas e equipamentos, a mesma comparação mostra diferença de 31% (setembro) para 12%. Outra importante redução ocorreu nas indústrias têxteis, de 7,8% (setembro de 2008 contra setembro de 2007) para 1,8% (outubro contra outubro). 

 

Nas horas trabalhadas, o confronto dos crescimentos sobre o mesmo mês de 2007 mostrou que, em outubro, a variação foi de 4,9%, mas setembro teve 9,6%. 

 

Veículo: Valor Econômico


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