Dólar alto impede queda na indústria

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O impacto da valorização do dólar em relação ao real nas receitas de exportações auxiliou a indústria paulista em outubro. O Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), avançou 0,2% em outubro, frente a setembro deste ano, com ajuste sazonal. O INA aumentou 3,4% no mesmo intervalo, sem ajuste sazonal.

 

No acumulado do ano o nível de atividade cresceu 7,5%, avanço superior ao aumento de 6% em igual intervalo de 2007. Segundo Paulo Francini, diretor do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas da Fiesp, dada a atmosfera de crise, o resultado de outubro é "razoável", e foi impulsionado basicamente "pelo aumento efetivo de vendas reais no mercado externo, respondendo à desvalorização da nossa moeda".

 

Em outubro, o total de vendas reais da indústria, apurado pela entidade, registrou aumento de 4,7% frente a setembro, sendo que as vendas internas aumentaram 2,8% no mês, enquanto as vendas externas (exportações) subiram 15% no mesmo período. Como entre os meses de setembro e outubro a taxa média de câmbio sofreu desvalorização de 20% frente ao dólar, "as empresas passaram a obter maiores receitas em reais com a parte da produção que é exportada", o que segurou o INA em valores positivos, explicou Francini.

 

O setor automobilístico foi um dos exemplos citados pelo economista. O INA para veículos automotores aumentou, sem ajustes sazonais, 1,4% em outubro frente a setembro. Neste intervalo, as vendas internas caíram 2%, enquanto as externas aumentaram 35%. "As empresas fizeram uso da sua capacidade de exportação, alavancando suas vendas em reais", destacou Francini.

 

Ganho no câmbio

 

Este ganho cambial é bom para o manter o faturamento da indústria e para o setor, "mas não pode ser encarado como um contraponto à queda do mercado interno, porque é um ganho apenas monetário, e não aumenta a produção", avalia Julio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) e professor de economia da Unicamp. Ele destaca que a indústria estava precisando de um "ânimo cambial" e deve se aproveitar do real desvalorizado, mas "isso não significa que não haverá problemas, pois acreditamos que ainda neste último trimestre a indústria vá sentir o impacto da crise".

 

Apesar da perspectiva pessimista, em outubro o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) da indústria paulista ficou em 82,9% praticamente estável frente ao nível apurado em setembro. Para os próximos meses, Francini prevê que o nível de atividade da indústria deve cair fortemente. Investigações preliminares da entidade, auferindo o humor dos empresários no mês corrente, apontam queda em todos os itens avaliados, como estoque, vendas, mercado, emprego.

 

O economista destaca que há um movimento de cautela dos empresários, e que a indústria deverá sentir mais pressão nos próximos meses, "quando os setores mais dependentes de crédito deverão ser mais impactados".

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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