O Rio Grande do Sul e a região sul de Santa Catarina estão sem abastecimento de gás natural desde a noite de domingo. O corte do fornecimento ocorreu após o rompimento de tubulações no território catarinense devido ao deslizamento de encostas causado pelas fortes chuvas que castigam o estado nos últimos dias.
Conforme a Companhias de Gás de Santa Catarina (SCGÁS), um desmoronamento rompeu a rede da empresa no município de Gaspar no sábado e, no domingo, foi a vez de as tubulações do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) em Blumenau serem atingidas.
A Companhia de Gás do Rio Grande do Sul (Sulgás) teve de adotar um plano de emergência devido ao corte no abastecimento. Conforme o presidente da Sulgás, Antônio Gregório Goidanich, a disponibilidade do combustível se resumia ao que ainda se encontrava nos dutos entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, o que seria suficiente apenas para o suprimento emergencial para hospitais e residências até que a tubulação seja restabelecida.
A decisão da Sulgás ainda ontem pela manhã foi suspender a oferta de gás aos cerca de 60 postos de combustíveis gaúchos que comercializam GNV, à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) e à Copesul, os dois maiores clientes industriais, que entretanto contam com outras alternativas energéticas.
A partir das 17 horas de ontem o corte atingiu os demais clientes industriais, um total de mais de 90 empresas. Conforme a Sulgás, o Rio Grande do Sul recebe cerca de 1,4 milhão de metros cúbicos por dia de gás natural boliviano, sendo que até 1 milhão são consumidos por indústrias.
A Braskem, controladora da Copesul, informou que a unidade, responsável pelos petroquímicos básicos do pólo de Triunfo, também pode gerar energia a partir de carvão, óleo, GLP e diesel. A decisão, entretanto, foi por comprar energia no mercado para substituir o gás natural. A planta produz 62 megawatts-hora (MWh).
A Braskem confirmou ainda que pode produzir mais gasolina para atender a demanda veicular extra causada pela falta de GNV. A Refap também adotou o uso de gás de refinaria produzido internamente para gerar energia, em substituição ao gás natural.
GNL como alternativa
Para a Sulgás, o corte no abastecimento reforça a necessidade do Rio Grande do Sul de viabilizar uma nova fonte de suprimento do combustível para o estado, além do produto boliviano. A saída, entende Goidanich, o presidente da Sulgás, estaria no terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) que a Petrobras deve construir na região Sul - um investimento de US$ 400 milhões, que esta sendo disputado com Santa Catarina.
"A alternativa da implantação de um terminal de GNL se torna urgente e indispensável" , disse Goidanich, lembrando que a alternativa de se buscar gás natural na Argentina se mostrou ineficaz pela escassez do combustível no próprio país vizinho em certas épocas do ano.
Ainda ontem técnicos da SCGÁs, do Gasbol, da Petrobras e membros da Defesa Civil catarinense trabalhavam no local para tentar a conserto dos dutos e a normalização do abastecimento. Em Santa Catarina, o corte no abastecimento inclui a Grande Florianópolis.
Veículo: Gazeta Mercantil