Os fabricantes brasileiros registraram diminuição recorde no total de entrada de novos negócios em novembro, apontou o Índice Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), produzido pelo Banco Real, e divulgado ontem. A queda de novos pedidos, tanto internos quanto externos, levou algumas indús-trias a implementar políticas de redução de estoques.
De acordo com o levantamento, houve queda acentuada de produção, novos pedidos, emprego e compras no mês passado, em conjunto com desaceleração da inflação de preço de insumos e de produtos. O índice, apurado mensalmente com 450 empresas industriais, caiu de 45,7 em outubro para 41,6 em novembro. "Como 50 indica estabilidade, essa queda reflete uma deterioração acelerada nas condições de operação do setor industrial brasileiro", explica Cristiano Souza, economista do Banco Real, acrescentando que o valor auferido no mês passado estabelece um novo recorde de baixa para a série.
Ele identifica um aumento do pessimismo dos empresários em novembro, que alegaram diminuição acentuada na demanda, ligada à crise de crédito e ao período de baixa econômica mundial. O índice de novos pedidos, um dos componentes do PMI, ficou em 36,4 no mês passado, contra 42 em outubro, e 53,4 em julho, por exemplo.
Para Souza, a queda do número de novas encomendas é um claro indicativo de menor atividade em 2009. "Os pedidos externos já estavam caindo, mas em novembro houve uma queda bastante acentuada dos pedidos internos", destacou o economista. A expectativa de produção menor, vai levar a uma diminuição planejada de estoques, avalia Souza. Os estoques em novembro ficaram abaixo de 50 (49 no índice de estoque de bens finais), devido à redução de demanda e dos níveis de novos pedidos. Por isso "as empresas implementaram estratégias de redução de estoque e atenderam as vendas com os estoques existentes", frisou Souza. Ele considera que, por este motivo, dificilmente haverá recomposição de estoque na indústria nos níveis anteriores à crise, "porque isso é custoso, e não há no momento expectativa clara da demanda voltar a acelerar no ano que vem", acrescenta.
Pedidos em atraso
Outro indicativo de desaceleração apontado pelo PMI é o número de pedidos em atraso, que recuou fortemente em novembro. O índice de pedidos em atraso ficou em 38,1 no mês passado, contra 41,3 em outubro e 49,1 em setembro. Isso porque uma entrada mais lenta de novos negócios em novembro liberou a capacidade produtiva nas fábricas brasileiras, permitindo que uma maior parte da produção fosse direcionada para atender pedidos em atraso, disse Souza.
Ele acredita que ao longo dos próximos meses haverá aumento do desemprego, por conta da queda de atividade. "Na melhor das hipóteses, a situação começa a clarear a partir do segundo semestre do ano que vem", ressalta o economista, acrescentando que, no entanto, o cenário para o começo do próximo ano é bastante adverso em termos de produção.
Veículo: Gazeta Mercantil