Preços industriais ficam estáveis no atacado

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A conjunção de queda em preços de commodities, desvalorização do real menos intensa, desaceleração da demanda interna e necessidade de reduzir estoques fez com que a inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) encerrasse novembro abaixo do esperado pelo mercado. O índice, apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentou alta de 0,07%, após inflação de 1,09% em outubro. A média das projeções apontava alta de 0,3%. A desaceleração também foi significativa em comparação com o IGP-M (medido no intervalo de 30 dias até 20 de novembro), que apresentava alta de 0,38%. 

 

O fator de maior peso na desaceleração foi a absorção, pelo mercado interno, da queda nos preços internacionais de commodities, sobretudo de petróleo e seus derivados, produtos da mineração e do setor químico. "A redução chegou com defasagem nos preços industriais, pois os preços agrícolas no atacado já vinham respondendo à queda das commodities", observou o economista da LCA Consultores, Fábio Romão. Em novembro, o Índice de Preços no Atacado (IPA) teve deflação de 0,17%, após ter subido 1,36% no mês anterior. Dentro do grupo, o IPA industrial teve variação zero, contra alta de 1,86% em outubro, e o IPA agrícola apresentou queda de 0,64%, ante menos 0,02% no mês anterior. 

 

Zeina Latif, economista-chefe do Banco ING, observa que no mês também houve um movimento de redução de estoques a preços antigos pelas indústrias mais afetadas pela crise financeira internacional, fator que contribuiu para a desaceleração mais rápida do IGP. "A necessidade do empresário de fazer caixa e queimar estoque foi um fator extra. E no setor automotivo já se nota nos preços o efeito do desaquecimento da demanda", disse. 

 

No varejo, observou o economista Gian Barbosa, da Tendências Consultoria Integrada, a alta sazonal em preços de alimentos fez com que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) encerrasse em alta de 0,56%, ante 0,47% em outubro. Além do grupo alimentação (que subiu 0,99%, ante 0,83% em outubro), houve aceleração nos grupos habitação (de 0,1 ponto percentual, para 0,52%) e educação, leitura e recreação (de 0,18 ponto percentual, para 0,35%). Para Fábio Romão, da LCA, o varejo tem dificuldades para repassar a alta do dólar ao consumidor pois já existe um movimento de desaceleração, que foi capturado na leitura do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador apontou inflação de 0,36% em novembro e de 0,61% no grupo alimentação. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) também desacelerou. Em novembro, a variação foi de 0,5%, ante 0,77% em outubro. 

 

Para o economista-chefe da SLW Asset Management, Carlos Thadeu de Freitas Gomes Filho, a queda nos preços das commodities ainda não foi totalmente repassado ao mercado interno e há espaço para mais quedas em preços industriais em dezembro. "No varejo, esse repasse ainda vai demorar", disse, observando que os preços no varejo normalmente sobem no fim do ano. Ele projeta para dezembro deflação no IGP-DI de 0,22%. Gian Barbosa aposta na alta sazonal e projeta alta de 0,43% para o índice neste mês. Fábio Romão e Zeina Latif estimam que o efeito baixista de 'desova' de estoques se encerra em dezembro. Eles projetam o IGP-DI em 0,2% e 0,55%, respectivamente. 

 

Veículo: Valor Econômico


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