Governo deve usar diferentes medidas para manter preços

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A inflação acumulada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve fechar o ano em 5,44%, segundo estimativas dos analistas consultados pelo Banco Central para a elaboração do relatório Focus, publicado ontem. Especialistas consultados pelo DCI acreditam que os indicadores de preços têm outras maneiras de serem controlados além da atuação do Banco Central na taxa básica de juros (Selic).

Para o professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e membro do Conselho Regional de Economia (Corecon-SP), Heron do Carmo, a inflação brasileira está no patamar de 5% há muito tempo, portanto, não está aumentando como dizem outros especialistas. "Estamos há mais de um ano em queda de juros de cerca de 12% para 7,25% e a inflação está praticamente na mesma", completou.

Segundo ele um dos principais problemas do Brasil no que tange os índices de preços é a prática da indexação. O professor indica que os preços dos contratos deveriam ser revistos por um período mais longo e não todo o ano, baseado nos índices. Hoje em dia os contratos de aluguel, por exemplo são reajustados em um ano, para Carmo deve ser incluída a previsão da inflação futura para uma fixação do preço.

Dados divulgados na última sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA -15) de outubro tem um acumulado do ano de 5,25% na área de saúde e cuidados pessoais. O indicador geral chegou a 4,49%, no mesmo período.

Essa alta dos preços do setor de serviços, segundo o professor também pode ser derivada da prática das indexações, "se pegarmos em um período mais longo de tempo o que vem pressionando a inflação é o preço dos serviços, e é onde a indexação bate, tem que romper essa barreira da indexação", completou.

Outra alternativa que deveria ser utilizada pelo governo para um controle melhor dos preços, na opinião do professor, é a redução do centro da meta, que hoje está em 4,5% ao ano. "Eu acho que não tem cabimento manter a meta em 4,5%, a tendência é a pessoa ficar um pouquinho acima da meta". Ele acredita que um centro razoável para as taxas de inflação do Brasil está entre 2% a 2,5% ao ano.

Para o professor José Dutra, da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecaf), a inflação deve fechar o ano no patamar de 5,4%. "Se depender de taxa de juros e cambio a inflação não deve subir mais neste ano já que o dólar deve permanecer em R$ 2 e portanto, não vai haver uma inflação decorrente do preço dos importados".

Carmo também acredita que a inflação acumulada no ano deve ficar próxima a 5,5%. O especialista chama a atenção para as eleições municipais: "uma outra coisa que não dá para controlar é a eleição, em eleição você segura a tarifa, é pouco provável que aconteçam reajustes de preços na instância municipal ainda neste ano", disse.
2013

Segundo os analistas consultados pela autoridade monetária para o relatório Focus a inflação do próximo ano deve fechar em 5,42%. Há um mês a expectativa do documento era de 5,5% para o IPCA no acumulado de 2013. "O ano que vem acho que pode até cair um pouquinho, se esse choque de alimentos não se repetir nos teremos a queda de energia, dependerá da questão de tarifas de novos governos municipais, com a economia crescendo muito pouco e um menor mercado de trabalho reduz a pressão no setor de serviços, para mim deve ficar um pouquinho mais baixa", opinou Carmo.

Para o crescimento da economia no próximo ano, o relatório indica que há uma expectativa do mercado de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 4%, a estimativa é mantida há 11 semanas.

A taxa básica de juros (Selic) deve, na opinião dos analistas consultados pela autoridade monetária, sofrer uma alta no próximo ano fechando em 8%. Há uma semana os analistas apostavam em um taxa de 8,25%.



Veículo: DCI


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