Índice do BC a ser divulgado hoje indicará que, apesar da queda no mês, houve crescimento de 4,5% no terceiro trimestre
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou um recuo próximo de 0,6% em setembro em relação a agosto, descontadas as influências sazonais, segundo apurou o 'Estado'. O resultado, que será divulgado hoje pelo BC, reflete o fraco desempenho da indústria e do comércio no mês. No trimestre, o indicador teve alta de 1,15%.
O IBC-Br é considerado pelo mercado um dos principais termômetros do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Em setembro, a produção industrial caiu 1% em relação a agosto, jogando dúvidas sobre a recuperação do setor. Na mesma comparação, as vendas do comércio varejista avançaram 0,3%. Incluídos os segmentos de veículos e material de construção, o varejo ampliado recuou 9,2%.
Para o economista da MCM Consultores, Leandro Padulla, que previa ontem uma queda de 0,5% para o IBC-Br, o fraco desempenho de setembro é resultado da "ressaca" após a antecipação de produção e vendas em agosto. Os consumidores foram às compras em agosto, acreditando que a redução do Imposto sobre Produtores Industrializados (IPI) para automóveis chegaria ao fim, mas o benefício tributário foi renovado.
Na avaliação do economista, essa distorção explica a alta de 1% do IBC-Br em agosto e a queda em setembro. Em julho, o indicador havia subido 0,4%. E as projeções de boa parte do mercado financeiro indicam nova alta em outubro. "A economia está retomando lentamente."
Retomada. No terceiro trimestre em relação ao segundo, também livre das influências sazonais, o IBC-Br registrou alta de 1,15%. Se for anualizada, a expansão chega a 4,5% no terceiro trimestre. No governo, esse número é visto como evidência de que a retomada da economia brasileira já está em curso, após o impacto da crise global.
O economista-chefe da LCA Consultores, Braúlio Borges, concorda. Ele acredita que o fundo do poço ocorreu na virada do ano e agora os sinais são positivos. Para Borges, a retomada da economia está sendo puxada pelo consumo das famílias e pela indústria, que voltou a crescer após eliminar os estoques excessivos. "A redução de IPI ajudou, mas não foi só isso que movimentou a economia."
O economista ressalta ainda que os fracos resultados de setembro da indústria, do varejo e do IBC-Br são uma distorção causada pelo menor número de dias úteis. Este ano, setembro teve 19 dias úteis, em vez de 21. Segundo Borges, parece pouco, mas é uma diferença de 10%. "Essa questão dos dias úteis provocou enorme ruído nos indicadores."
O economista do Banco Pine, Marco Antonio Borges, previa ontem queda de 0,56% para o IBC-Br em setembro em relação a agosto. Ele projeta um quadro melhor para o varejo e para a indústria no terceiro trimestre em relação ao segundo, mas ressalta que a retomada do setor industrial ainda é inconsistente. "A recuperação existe, mas é claudicante, com a indústria oscilando bastante entre meses positivos seguidos de meses negativos."
Investimento. A grande dúvida dos analistas sobre a retomada da economia é se as indústrias vão voltar ao investir. Alguns indicadores antecedentes começam a apontar nessa direção.
A confiança do empresariado, medida pela FGV, atingiu em outubro o maior patamar desde meados de 2011. Também aumentou o número de empresas que fazem consultas ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), embora os reembolsos efetivos do banco ainda não tenha reagido. "O governo implementou uma série de medidas pró-investimento desde meados do ano, como a depreciação acelerada. Acredito que o investimento vai reagir", diz Borges.
Veículo: O Estado de S.Paulo