Projeção do PIB tem quarto tombo consecutivo e estimativa para IPCA vai a 5,58%. OCDE vê crescimento "se dissipando"
As previsões para a economia brasileira têm sido cada vez piores. Depois da divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre do ano – um avanço de apenas 0,6% – e dos últimos números de custo de vida, especialistas estimam mais inflação e menos crescimento para o país, uma situação que tem assustado investidores. Diante desse cenário, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) se juntou aos críticos do modelo econômico praticado pelo Ministério da Fazenda e admitiu frustração com o desempenho brasileiro. “No Brasil surgiram sinais de que a dinâmica de crescimento positiva, prevista nos últimos meses, está se dissipando”, resumiu a entidade em relatório divulgado ontem. Como contraponto, países que se consideram em crise, como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, na avaliação da OCDE, dão sinais de retomada.
Dados do boletim semanal Focus, levantamento no qual o Banco Central reúne as expectativas de 100 analistas, refletem esse desalento que tomou conta do mercado e dos investidores, sobretudo após os últimos resultados da economia brasileira. A projeção para o PIB de 2012 encolheu de 1,27% para 1,03%, o quarto tombo consecutivo no indicador, uma sequência de quedas que pode continuar nas próximas semanas. Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, as estimativas subiram de 5,43% para 5,58%. Esses números, segundo especialistas, indicam uma crise de confiança do setor privado, que reclama do excesso de intervenções do governo e do maior risco para os negócios por causa disso.
“Parte dos estímulos foram contraproducentes”, observou Zeina Latif, consultora e sócia da Gibraltar Consulting. “Muitos acham que está havendo intervenção demais e isso gera um ambiente ruim para os negócios. O fato de ter estímulo não é igual a girar uma chave e a economia volta a funcionar de uma hora para outra”, explica.
Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio e ex-diretor do Banco Central, lembra que alguns avanços foram feitos, a exemplo de desonerações na folha de pagamento de segmentos da indústria. Ele reclama, porém, uma agenda mais produtiva e uma gestão dos investimentos públicos mais ágil. “O grande problema do Brasil é um só: competitividade”, afirmou.
Selic no patamar atual
A taxa básica de juros (Selic) deve ficar no patamar atual, de 7,25% ao ano, pelo menos até o fim de 2013, segundo o boletim Focus. A projeção para o fim de 2013 foi mantida pela quarta semana seguida. A pesquisa mostra ainda manutenção das expectativas para o juro médio em 2012, em 8,47%. Para 2013, a previsão de Selic média segue em 7,25%.
É a primeira vez que nenhum analista consultado na pesquisa espera alta dos juros nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) de janeiro, março e abril de 2013. Para o primeiro mês do próximo ano, a projeção mais baixa caiu de 7% para 6,75%. Para o restante do primeiro semestre de 2013, a mínima passou de 6,50% para 6,25%.
Veículo: Estado de Minas