Sem maiores surpresas, expectativas de safras melhores puxaram para baixo as cotações de grãos no mercado doméstico e o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) recuou de 0,68% para 0,34% entre dezembro e janeiro, influenciado principalmente por deflação de 0,6% dos produtos agropecuários, após alta de 1,4% na leitura anterior. Para economistas, cotações mais comportadas de milho e soja já estão chegando aos preços das carnes e colocam perspectiva mais favorável para a inflação de alimentos ao consumidor nos próximos meses, mas a trajetória dos itens in natura ainda pode incomodar.
Responsável por 60% do IGP-M, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) cedeu de 0,73% para 0,11% na passagem mensal, com perda de fôlego maior na parte agropecuária do indicador e desaceleração mais tímida, de 0,46% para 0,40%, nos produtos industriais. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% no índice geral, seguiu trajetória inversa ao passar de 0,73% para 0,98%, puxado por forte alta de 1,97% de alimentos e bebidas.
Flávio Serrano, economista do BES Investimento, observa que os preços que tiveram maior impacto de baixa sobre o IPA em janeiro têm influência importante sobre alimentos semielaborados, tais como soja (menos 1,6% para menos 9%), bovinos (menos 0,8% para menos 1,2%) e milho (5,9% para menos 1,4%). "A transição desses movimentos para as carnes é rápida e coletas já apontam que esses itens estão caindo no varejo, mas a parte in natura ainda é uma incógnita", diz.
Para Thiago Carlos, da Link Investimentos, o descompasso entre a inflação de alimentos no atacado e no varejo irá ficar menor no próximo mês, já que a intensidade da deflação nas commodities agrícolas deve diminuir e a parte in natura deve mostrar alguma descompressão.
Veículo: Valor Econômico