Mesmo com estímulos, indústria deve encerrar 2012 com queda de 3%

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A alta esperada para a produção de veículos em dezembro será insuficiente para puxar outros ramos de atividade e o setor industrial deverá mostrar queda pelo segundo mês consecutivo. Em novembro, a produção manufatureira recuou 0,6% em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal. Para dezembro, a média das estimativas de 11 consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data é de queda de 0,5% do indicador ante novembro, com ajuste sazonal. As projeções variam entre recuo de 0,3% até baixa de 1%.

Para os economistas, a indústria aproveitou a série de estímulos dados pelo governo para normalizar estoques, que estão mais ajustados neste início de ano, mas sem recuperação consistente dos investimentos, será difícil manter trajetória mais firme de retomada. No ano, a indústria deverá acumular queda de 2,7%, estimam os economistas, ante crescimento de 0,3% em 2011. O resultado será divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Marcelo Arnosti, economista-chefe da BB-DTVM, revisou para baixo a estimativa para a produção industrial depois da divulgação do consumo de energia elétrica pela indústria, que recuou 3% entre novembro e dezembro, na série com ajuste sazonal. De uma queda de 0,2% na passagem mensal, o economista passou a estimar recuo de 0,6% da indústria entre novembro e dezembro, na série dessazonalizada. O Itaú também alterou sua projeção para o indicador, de queda de 0,2% para retração de 0,4%, porque o consumo de gás e energia elétrica decepcionou.

A economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, afirma ainda que outros indicadores coincidentes de atividade mostraram fraco desempenho no último mês de 2012. A expedição de papel ondulado recuou 2,1% entre novembro e dezembro, de acordo com dados da Associação Brasileira de Papel Ondulado (ABPO), sempre na série com ajuste sazonal da consultoria. Já o tráfego de veículos pesados em rodovias caiu 3,6% na passagem mensal.

A produção de veículos, influenciada pelo último mês de redução integral de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, subiu 0,9% entre novembro e dezembro, o que ajudou a impedir retração maior da indústria no mês. Os dados são da Anfavea, entidade que reúne as montadoras instaladas no país, também com ajuste sazonal da Rosenberg.

Para Thaís, a principal nota negativa do resultado esperado para a indústria em dezembro será a quinta queda seguida da produção de bens de capital, o que sugere que a recuperação dos investimentos ainda não ocorreu.

Arnosti, da BB-DTVM, afirma que dois meses consecutivos de queda da atividade manufatureira, com algum grau de disseminação entre os setores, coloca, de fato, alguma dúvida em relação à recuperação da economia. De acordo com seus cálculos, a indústria recuou 0,3% no quarto trimestre, após ter crescido 1% entre julho e setembro, sempre na comparação com os três meses imediatamente anteriores, com ajuste sazonal.

Ainda assim, para Arnosti a perspectiva é que o primeiro trimestre de 2013 mostre comportamento mais positivo da indústria. A Sondagem da Indústria da Fundação Getulio Vargas (FGV), por exemplo, apontou continuidade da normalização dos estoques em janeiro, além de recuperação da demanda interna. Mesmo a percepção em relação ao ambiente externo avançou. "Continuamos, portanto, com projeção de recuperação da indústria em 2013", diz o economista, que projeta alta de 2,75% da produção neste ano.

No entanto, pondera o economista, o resultado esperado para a indústria eleva o risco de que o quarto trimestre tenha crescimento inferior ao projetado pela gestora, que trabalha com expansão de 1% da atividade no período, sobre o trimestre anterior.

Para Thaís, da Rosenberg, essa lenta recuperação do setor já está embutida na projeção de crescimento de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre, em relação ao terceiro. O resultado, se confirmado, mostrará retomada bastante gradual da economia doméstica, já que o PIB avançou 0,6% no terceiro trimestre.

Sem aumento dos investimentos, afirma a economista, é difícil que a indústria mostre recuperação mais forte.



Veículo: Valor Econômico


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