O boletim Focus, publicado ontem pelo Banco Central, indicou que o mercado espera que a inflação neste ano termine em 5,68%. Esta é a quinta semana seguida que os especialistas consultados pela autoridade monetária apontam algum aumento na previsão para o indicador acumulado. Há um mês a expectativa era de uma taxa de 5,49%.
Esse boletim também marcou a mudança da expectativa do mercado para a alteração da taxa básica de juros (Selic) no próximo ano, o relatório apontou que agora os analistas esperam que o indicador seja mudado em fevereiro do próximo ano para 7,5% e não mais em março. A previsão é que a Selic feche este ano no patamar atual de 7,25%. Para 2014, os analistas esperam que a taxa chegue a 8,25% no ano, este número é mantido há seis semanas.
Especialistas consultados pelo DCI acreditam que o governo terá que usar de outras estratégias que não seja a mudança da Selic para controlar a inflação neste ano já que o fato do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central mexer na taxa seria custoso para a imagem do governo.
Índices de inflação já divulgados referentes ao mês de janeiro vieram em sua maioria com números elevados. O Índice de Preços ao Consumidor do Município de São Paulo (IPC) calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) registrou 1,15%, e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chegou a 0,88% no período. O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) registrou 0,34% em janeiro e o IGP-10, apurado também pela FGV alcançou 0,42%.
Sobre o cenário para este ano, os analistas ouvidos pelo Banco Central esperam que a inflação registre 0,85% no mês de janeiro e 0,40% em fevereiro. Há um mês a aposta para o índice em janeiro era de 0,75% e para este mês de 0,41%. O IBGE irá divulgar na próxima quinta-feira o resultado oficial do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Na opinião do professor da Faculdade Instituto de Administração (FIA), Celso Grisi, no ano passado o governo tomou medidas para acelerar o crescimento que acabaram tendo um impacto na inflação. "Baixou muito os juros e não precisava ter sido uma coisa tão oficial, os juros de crédito com bancos oficiais e a taxa básica". Além dos juros, o professor também colocou os altos reajustes salariais e a desvalorização do real como fatores inflacionários. Ele disse que "subir a Selic agora é decretação da falência de toda a política econômica do governo, mas em 2014 ela vai ter que subir".
Para o professor da Universidade Anhembi Morumbi, Osmar Vizibelli, a inflação tem fechado os últimos anos em um patamar "muito próximo do teto da meta, o que não é errado mas não é bom, o teto é uma questão excepcional, o teto virou centro, aliás aquela questão de controle dos gastos o governo enterrou e não comunicou o falecimento, o trinômio de apoio morreu".
O professor Grisi também critica os gastos do governo: "vai ter que cortar um pouco a política fiscal, os ganhos de custeio cresceram muito, tem que encaminhar algumas questões, vai ter que fazer alguns cortes e ajustes, temos que ter uma política fiscal com certa austeridade. Cuidar dos gastos fiscais", disse.
PIB
Para o ano de 2013 o relatório Focus aponta que os especialistas preveem um crescimento de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB); há um mês essa taxa estava em 3,26%. No ano de 2014 a evolução da economia deve ser um pouco maior, segundo a expectativa dos analistas com 3,7%, há uma semana a expectativa era de 3,65% e há um mês, de 3,75.
O professor Grisi alerta para as consequências de uma atividade econômica baixa. "Se a gente não conseguir uma aceleração da economia até março, as demissões vão começar. As pessoas estavam segurando até agora devido aos custos de se demitir e contratar alguém no País; já começou no setor automobilístico, temos que tomar cuidado."
Veículo: DCI