Câmbio faz exportação ser 5% mais rentável

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A desvalorização do real em relação ao dólar contribuiu para elevar em 5% a taxa de rentabilidade das exportações brasileiras no ano passado. O cálculo é da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Exceto o setor de extração de minerais, todos os demais 28 segmentos acompanhados pela Funcex registraram ganho de rentabilidade no ano passado.

Entre os setores que tiveram maior ganho de retorno com as exportações estão máquinas, aparelhos e materiais elétricos (15%), máquinas e equipamentos (14,9%) e produtos de metal (13,7%). Para 2013, porém, diz Rodrigo Branco, economista da Funcex, não são esperadas novas desvalorizações importantes da moeda nacional. A variação cambial, explica, teve em 2012 um efeito mais uniforme e pulverizado na rentabilidade das exportações. Neste ano, porém, ele estima que o dólar deve bater num teto de R$ 2,05, com desvalorização de 2% a 3%, considerando a taxa cambial média em relação ao ano passado. Em 2012, a desvalorização média foi de 17%.

A expectativa de um nível menor de desvalorização para 2013, diz Branco, vem do comportamento recente do Banco Central, que sinaliza a tentativa de encontrar uma taxa de equilíbrio que segure uma aceleração maior da inflação e que, ao mesmo tempo, não retire tanto o ganho de competitividade dado ao exportador por um real mais desvalorizado.

Os preços de exportação, porém, argumenta o economista da Funcex, poderão apresentar melhora ao longo do ano se as expectativas de recuperação econômica dos principais parceiros comerciais do Brasil se concretizarem. O economista estima crescimento de perto de 8% para China e entre 2,0% e 2,5% para Estados Unidos. Um ganho adicional de rentabilidade nos próximos meses, portanto, prevê o economista, poderá ser gerado por essa recuperação de preços.

A Argentina é um destino também visto com boas perspectivas para este ano, diz Branco. Os ganhos com as exportações deverão trazer maior espaço fiscal ao país vizinho, o que facilitará os embarques brasileiros para os argentinos, acredita. "Argentina e Estados Unidos são parceiros importantes para a exportação de manufaturados."

José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), é menos otimista. Ele não vê grandes perspectivas para elevação de rentabilidade em 2013 por causa da recuperação de preços de exportação. "Se estivermos falando de commodities, é possível, mas não acredito nesse ganho em manufaturados", diz.

"Não se pode esquecer a alta concorrência", diz Castro. Para ele, um recuperação da demanda internacional será acompanhada de uma disputa acirrada pelos fornecedores. No caso da Argentina, por exemplo, não se sabe se uma maior abertura às importações beneficia o Brasil ou o fornecedor chinês.

Castro estima que em 2013, "na melhor das hipóteses", a taxa de rentabilidade do exportador brasileiro deve permanecer a mesma do ano passado. Na média, portanto, não deve haver ganho em relação ao ano passado.

As exceções ficam por conta de produtos que prometem recuperar o preço em 2013. O minério de ferro é o exemplo mais evidente. No ano passado o preço do minério caiu 25% em relação a 2011, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic). Para este ano, calcula Castro, a elevação de preço do item deve ficar entre 15% e 20%. "A soja também promete uma recuperação de preços, mas o ganho de rentabilidade depende da evolução do valor do frete."


Veículo: Valor Econômico


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