Mesmo com a expectativa de desempenho mais modesto do setor de supermercados, analistas projetam aceleração do varejo restrito (que não inclui materiais de construção e automóveis) entre novembro e dezembro, baseado nos fundamentos para o comércio, como elevada confiança do consumidor e renda em alta.
A média das estimativas de dez consultarias e instituições financeiras é de alta de 0,8% das vendas na passagem mensal, feitos os ajustes sazonais, resultado que, se confirmado, levará o índice a encerrar o ano com alta de 8,3%. As estimativas variam entre alta de 0,1% e avanço de 1,1%. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) será divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o comércio ampliado, sete analistas ouvidos pelo Valo Data calculam, em média, aumento de 2,4% das vendas entre novembro e dezembro, com ajuste sazonal, influenciadas pelo último mês de redução integral do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis.
Perto do piso das estimativas, o economista-chefe da BB-DTVM, Marcelo Arnosti, projeta crescimento de 0,3% das vendas no último mês do ano passado. Para ele, o resultado não será mais forte por causa do comportamento das vendas de hiper e supermercados, já que as vendas devem terrecuado no mês, com base no indicador da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que mostrou queda próxima de 0,5%, segundo dados dessazonalizados pela gestora. "Esse será um movimento pontual, após vários meses consecutivos de alta. No geral, a maior parte dos setores deve mostrar expansão", afirma Arnosti.
Leandro Padulla, economista da MCM Consultores, concorda. Apesar da expectativa de queda das vendas de alimentos na passagem mensal, outros indicadores coincidentes mostraram evolução positiva, como as consultas ao UseCheque, que subiram 2,4% entre novembro e dezembro, com ajuste sazonal da consultoria. Já o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio mostrou alta de 2,8% em dezembro, contra o mês imediatamente anterior, já descontados os efeitos sazonais.
Para o varejo ampliado, que considera também as vendas de automóveis e material de construção, Arnosti projeta alta de 2,4%, pois as vendas de carros, de acordo com as informações da Fenabrave, entidade que reúne as revendedoras de veículos, subiram mais do que 10% em dezembro, estimuladas pelo último mês de desconto "cheio" do IPI.
Mariana Oliveira, da Tendências, projeta resultado mais fraco, de alta de 0,2% das vendas no varejo ampliado entre novembro e dezembro. O número é mais baixo porque os dados dessazonalizados da consultoria são de aumento de 1,4% das vendas de veículos. Na média, os economistas consultados pelo Valor Data projetam alta de 8,4% no ano para as vendas do comércio ampliado. Se confirmado, o varejo mostrará aceleração em relação a 2011, quando as vendas nesse conceito aumentaram 6,1%.
Para Arnosti, o incentivo fiscal foi bastante importante para determinar o ritmo do comércio ampliado. "Mas no caso do varejo restrito, os fundamentos foram decisivos para o bom comportamento das vendas, como confiança do consumidor e expansão da renda", afirma.
Veículo: Valor Econômico