Os preços de fevereiro devem ficar mais baixos que os registrados em janeiro. Segundo especialistas consultados pelo DCI, a inflação do primeiro mês do ano veio mais alta devido aos reajustes normais do período, e era esperado que no mês seguinte o indicador se ajustasse.

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou ontem que a prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) subiu 0,34%, mantendo a mesma variação de janeiro, mas o Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) desacelerou nas sete capitais analisadas pela FGV na segunda quadrissemana de fevereiro e passou de 0,88% para 0,55%.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que também foi divulgado ontem, atingiu 0,83% em São Paulo, na segunda prévia do mês de fevereiro; esta foi a variação mais baixa do ano, a menor taxa até agora tinha sido registrada na primeira prévia do mês de janeiro, em 0,86%.

Na opinião de Adriano Gomes, professor da ESPM, "o que acontece é que nós tivemos a grande pancada de preços das capitais no mês de janeiro, naturalmente, o índice de fevereiro vai ser menor, não existe outra explicação para não ser", disse.

Segundo o professor da Faculdade Veris, Fabrício Pessato, "janeiro e fevereiro são meses em que há uma aceleração da inflação, pois muitos contratos são reajustados entre janeiro, fevereiro e março", explicou.

Apesar de achar que é normal que os preços diminuam nos próximos meses, o professor Gomes ressalta que houve um pedido da presidente Dilma Rousseff para o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, para que ele segurasse os aumentos das tarifas de transporte urbano, portanto, "não nos empolguemos com esses números, em abril haverá um reajuste, então esse índice deve ter uma elevação", completou o professor.

Previsão do acumulado

Os dois professores entrevistados pelo DCI acreditam que a inflação oficial - medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - deve ficar dentro da meta (que vai de 4,5% a 6,5% ao ano), mas não descartam que o governo deverá usar de diversos mecanismos para fazer o controle do indicador.

"O Banco Central vai realizar todas as manobras possíveis para deixar a inflação dentro da meta, isso ficou muito claro, ele já sinalizou que aumentará a taxa de juros, nas próximas reuniões", disse Gomes. O especialista alerta que esse tipo de estratégia pode não ser tão eficaz, pois ao mesmo tempo que a alta dos juros pode diminuir a demanda, ela também encarece o financiamento das empresas e, portanto, isso pode ser repassado aos preços finais.

O professor Pessato afirma que o governo também está utilizando o câmbio para segurar a inflação e, segundo ele, o maior problema da alta dos preços é a indexação, "não tem jeito, a inflação brasileira não consegue ser segurada só com politica monetária ou política fiscal enquanto existir correção automática, pois traz a inflação passada para a presente", concluiu o professor.

Dados

Segundo a FGV, as principais contribuições para a perda de ritmo da inflação medida pelo IGP-M partem dos produtos agropecuários, que apresentaram quedas ainda maiores neste mês do que no anterior. Os preços dos produtos agrícolas no atacado caíram 1,3% na segunda prévia do IGP-M deste mês, em comparação com a queda de 0,11% apurada em janeiro.

A FGV informou que Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M), que compõe o indicador geral, subiu 0,27% na prévia, após subir 0,23% em igual prévia de janeiro. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) teve alta de 0,28% nesta prévia, em comparação com o aumento de 0,70% no mês anterior. O Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), registrou taxa de 0,98%.



Veículo: DCI