A taxa de inflação em 2013 deve ficar abaixo do registrado no ano passado, ao redor de 5,5%, em razão especialmente das desonerações promovidas pelo governo, afirmou o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, durante o seminário "Macro Vision", organizado ontem pelo Itaú BBA. Em relação aos juros, o economista disse que o mercado prevê elevações até 2016, para algo próximo a 10% ao ano, mas avalia que o ajuste será menos vigoroso do que se imagina, também devido, em parte, às desonerações.
Goldfajn espera alta de, no máximo, mais um ponto percentual para os juros neste ano. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 0,25 ponto, para 7,5% ao ano. O economista projeta que o governo conceda mais R$ 30 bilhões em desonerações para 2014. Até o início de abril, o governo contabilizou desonerações que somam R$ 88 bilhões para o próximo ano.
Para Goldfajn, a inflação continua sendo uma preocupação no curto prazo, com a apreensão maior sobre o índice de difusão dos preços. Ele ressalta o fato de, nos últimos anos, a inflação de serviços "correr a 7%, 8% ou 9% ao ano", enquanto a de bens industriais ou comercializáveis registrar alta por volta de 2%, o que resulta numa média de 5% a 6%.
Para o economista, a depreciação cambial teve contribuição fundamental no estouro da meta de inflação em 12 meses até março. "O câmbio nos outros países andava junto com o Brasil e desde o ano passado se descolou, o que pressionou a inflação", disse. Segundo ele, câmbio vai permanecer na faixa atual "até segunda ordem".
O economista do Itaú avalia que a taxa de desemprego vai continuar baixa, em razão da dificuldade de contratar mão de obra qualificada, e mesmo não qualificada. O banco espera taxa média de 5,4% no ano, ante 5,5% no ano passado. As pressões do lado da oferta permanecem, com a taxa de crescimento da população economicamente ativa caindo para menos de 1%, e também da demanda, com o crescimento alavancado pelo segmento de serviços, que absorve a maior parte da mão de obra.
Goldfajn prevê um déficit de US$ 71 bilhões nas transações correntes, financiado em parte por Investimento Estrangeiro Direto (IED). O economista lembrou que entre 2007 e 2011 as transações correntes atingiram, em média, déficit de US$ 30 bilhões, com IED médio de US$ 44 bilhões. Os números, disse Goldfajn, indicam que, a partir deste ano, o país vai precisar tanto de investimentos diretos quanto de portfólio para cobrir o déficit em transações correntes.
Para Goldfajn, a volatilidade ainda deve marcar o cenário global. Internamente, disse ele, a economia vai ter recuperação moderada da atividade, com a inflação se mantendo como uma prioridade no curto prazo.
Em relação à e economia mundial, o economista avalia que passa agora por um ritmo de recuperação apenas moderado, com expansão esperada em torno de 3% ao ano. Goldfajn se mostrou mais otimista com os Estados Unidos, embora o processo de consolidação fiscal do país seja um entrave para taxas mais robustas de crescimento. Já na Europa, a principal notícia positiva ainda é, segundo ele, a sobrevivência do euro.
Veículo: Valor Econômico