Fazenda vê inflação em trajetória de queda

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Como esperado, o 18º boletim "Economia Brasileira em Perspectiva" foi uma repetição do discurso otimista do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a economia brasileira está em processo de recuperação e a inflação em trajetória de queda.

O documento ressalta que o setor público persegue as metas de resultado fiscal e que "a coordenação entre as políticas fiscal e monetária tem procurado atenuar os efeitos da crise internacional".

Segundo o relatório, apesar das dificuldades que persistem na economia internacional, a economia brasileira continua crescendo gradualmente. "Os fundamentos macroeconômicos do país têm permitido enfrentar a crise global sem maiores sobressaltos", informa o boletim. "Para os próximos anos, o resultado primário irá reduzir ainda mais o déficit nominal e o endividamento público". No que diz respeito ao cenário externo, é aguardada uma lenta recuperação das economias avançadas.

No ano passado, o setor público teve um superávit primário de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB). A meta definida pela equipe econômica foi cumprida com abatimentos, como investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e uso de recursos do Fundo Soberano do Brasil (FSB).

O boletim mostra ainda a redução da dívida líquida do setor público, que fechou 2012 em 35,1% do PIB ante 36,4% do ano anterior. Esse indicador melhorou, segundo o documento, mesmo com as desonerações tributárias feitas pelo governo federal para estimular o crescimento econômico. No total, as desonerações tributárias somaram R$ 44,5 bilhões em 2012. Para 2013, a previsão é que superem R$ 70 bilhões, quase 2% do PIB.

Dentre as desonerações concedidas, a área econômica destacou a desoneração dos produtos da cesta básica e a redução do custo da tarifa de energia elétrica. "Medidas adotadas pelo governo para aumentar a competitividade da economia do país, como a redução de tarifas de energia elétrica, têm contribuído para a redução do preço ao consumidor", destaca o boletim.

O impacto direto da queda do preço da energia, segundo o Ministério da Fazenda, se divide em 0,13 ponto percentual em janeiro, e 0,48 ponto em fevereiro. Se a medida de estímulo econômico não fosse adotada, a variação do IPCA seria 0,61 ponto percentual maior, calcula o governo. "Impactos indiretos, derivados da redução de custos para empresas, deverão também contribuir para a acomodação inflacionária nos próximos meses", diz o documento. Em março, o IPCA acumulado nos últimos 12 meses ultrapassou o teto da meta de inflação estabelecido em 6,5%.

A perspectiva de queda da inflação também é sustentada por uma acomodação dos preços dos alimentos. A alta registrada em 2012 foi influenciada por choques de oferta em alimentos in natura e de aumentos derivados das commodities agrícolas, efeitos relacionados a intempéries climáticas nos Estados Unidos e Brasil. "Em 2013, a estratégia é que a combinação de condições mais favoráveis de oferta de alimentos influencie a trajetória da inflação ao consumidor. Essa dinâmica deverá se aprofundar nos próximos meses", afirma o texto da Fazenda.

A avaliação do ministério é de um cenário positivo com relação à entrada de investimentos no país. Segundo dados da Unctad, o Brasil passou a ser o quarto maior receptor de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no mundo, com números superiores a Austrália e Canadá. "As perspectivas continuam favoráveis em 2013", afirma o boletim.

O documento reitera que 2012 foi marcado por diversos choques "exógenos" que afetaram o desempenho do setor externo brasileiro: crise europeia, recuperação muito lenta da economia americana, mudanças nas regras de registro de importações de combustíveis e lubrificantes e adoção das declarações juradas de importação pela Argentina. Apesar disso, afirma a Fazenda, "as contas externas brasileiras permanecem sólidas".




Veículo: Valor Econômico


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