Indústria recua pelo mundo e eleva o pessimismo

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Sinais de fraqueza tornaram nubladas as perspectivas econômicas depois que uma importante pesquisa sobre negócios indicou ontem que a contração da atividade industrial aumentou na zona do euro este mês, enquanto também houve uma redução da expansão industrial nos EUA e na China.

Com as autoridades da zona do euro temerosas de que o bloco possa ter alcançado os limites políticos da austeridade, diante do avanço da oposição nos países abalados pela recessão, os dados desanimadores contribuem para as pressões por um corte nas taxas de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) na semana que vem.

O índice Markit de gerentes de compra da indústria na zona do euro, observado atentamente, caiu para o menor patamar em quatro meses em abril, para 46,5 pontos, bem abaixo do nível dos 50 pontos, que separa o crescimento da contração. O índice composto para a Alemanha, a maior economia do bloco, caiu para 48,8 pontos, o menor nível em seis meses.

Separadamente, o banco central da Espanha estimou que a economia do país encolheu 0,5% no primeiro trimestre, apesar do aumento das exportações.

O índice dos gerentes de compra sugere que a indústria nos EUA e na China também está sofrendo com a desaceleração da atividade econômica global.

"A opinião geral era de que a recuperação da economia mundial ganharia força no decorrer do ano. Mas, se você olhar para o que aconteceu com a confiança no setor industrial nos últimos meses, verá que a recuperação da economia no segundo trimestre parece um pouco mais duvidosa", disse Julian Callow, economista do Barclays.

Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu mais estímulo econômico, após reduzir sua estimativa de crescimento da economia mundial para este ano, de 3,5% para 3,3%. O FMI também reduziu sua estimativa para o PIB da zona do euro, prevendo que a economia do bloco encolherá 0,3% este ano.

Até mesmo os "falcões" do conselho diretor do BCE vêm sinalizando que poderão cortar a taxa básica de juro, hoje em 0,75%, se os indicadores macroeconômicos continuarem a piorar. Analistas dizem que, se o BCE agir amanhã, deverá cortar a taxa básica em um quarto de ponto, deixando a taxa de depósito inalterada em zero.

Mas entre os analistas há quem acredita que isso não terá nenhum impacto sobre as empresas dos países do sul da zona do euro, que passam por uma crise de crédito. O BCE admitiu que o "mecanismo de transmissão", por meio do qual suas taxas se traduzem nos custos dos empréstimos para o mundo real em países como a Espanha e a Itália, não está funcionando.

O índice preliminar dos gerentes de compras para os EUA caiu para 52 pontos em abril, o menor desde novembro, de 54,6 em março. O índice HSBC/Markit preliminar para a China caiu de 51,6 para 50,5 pontos, o menor patamar em dois meses. O índice do Institute for Suply Management (ISM), principal barômetro da atividade industrial nos EUA, será divulgado em 1º de maio.



Veículo: Valor Econômico


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