Dívida das companhias abertas cresce 17% em 2012

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A “alavancagem” das 120 companhias analisadas chegou a 1,30, e o setor que mais se destacou foi o de fertilizantes

As empresas brasileiras de capital aberto aumentaram o endividamento em quase 17% no ano passado. Aliado à queda de 43,31% no lucro, esse aumento líquido fez com que a relação entre dívida bruta e patrimônio — ou alavancagem — crescesse em 2012 ante 2011. Segundo estudo feito pela Técnica Equity Research, a pedido do Brasil Econômico, a alavancagem das 120 companhias analisadas chegou a 1,30, e o setor que mais se destacou foi o de fertilizantes com 2,61. Neste caso, a companhia estudada foi a Fertilizantes Heringer que, no ano passado, teve prejuízo de R$ 2,5 milhões e viu a sua dívida bruta subir 22,68%, enquanto a receita cresceu apenas 12,9%. Em 2011, no entanto, a empresa apresentou lucro líquido de R$ 63,9 milhões. Mesmo assim, o analista Henrique Koch do BB Investimentos classifica a companhia como acima da média de mercado (outperform) e vê potencial de valorização das ações até R$ 16,50. “Não é um setor com margens elevadas e a alavancagem alta não é algo característico”, diz Renato Campos, analista da Técnica Research Equity.

Quando analisado apenas o endividamento bruto (que leva em consideração as dívidas onerosas, ou seja, linhas de financiamento, debêntures e notas promissorias), a campeã foi a Cielo com alta de 1.301,5%, em relação a 2011. A explicação é a estreia da companhia no mercado de dívida internacional: em novembro, ela captou US$ 875 milhões. “O percentual chama atenção, mas não é nada preocupante, porque a Cielo não tinha dívida em 2011”, explica Campos. Tanto é que a alavancagem da companhia é de apenas 0,92.

Outras que aparecem nas primeiras posições do ranking de aumento de dívida é a Brazil Pharma, rede de farmácias do grupo BTG Pactual, e a Oi. A mineira Arezzo também se destaca nesse quesito. “O crescimento não foi por meio de aquisições e, sim, orgânico. Portanto, a empresa está captalizada e o endividamento é baixo — apesar do salto percentual — e, por isso, tem espaço para aumentar alavancagem.” A dívida bruta é de R$ 90 milhões, enquanto o patrimônio liquido chega a R$ 453 milhões. “A dívida é menor que Ebitda, de R$ 135 milhões.”

O especialista lembra ainda que alguns setores são naturalmente mais alavancados que outros, por utilizarem capital mais extensivamente, como de logística e de concessão rodoviária. No entanto, 25 companhias percorreram o caminho inverso e reduziram o endividamento. É o caso da Queiroz Galvão que, em 2012, viu a sua dívida bruta retrair em 100%. “O plano de investimento dos anos anteriores foi bastante agressivo. Mais parece ser uma variação de curto prazo, até porque agora tem muito espaço para aumentar o endividamento.”

Outra que seguiu o mesmo caminho foi a Mahle Metal Leve que foi beneficiada pela desoneração na folha de pagamento concedida pelo governo aos fabricantes de autopeças.

“O que chama atenção é que o lucro das companhias, como um todo, caiu 43%, ao mesmo tempo em que a receita líquida subiu 13,16%. Isso mostra que o que houve foi um aumento dos custos com mão de obra e insumos, que prejudicou os resultados”, explica Campos. Essa combinação de fatores evitou que novas linhas de financiamento fossem tomadas, apesar da queda da taxa básica de juros ao longo de 2012. “O endividamento não é sinônimo de algo negativo. Ao contrário, pode ser usado para fazer um investimento na produção, por exemplo. O mesmo acontece com a alavancagem”, destaca o analista. Segundo ele, a incerteza quanto ao crescimento do país — que, no fim, foi de apenas 0,9% —, aliada ao aumento da inflação e maior restrição de financiamento por parte dos bancos fizeram com que a linha do balanço referente ao resultado financeiro ficasse aquém do que poderia.



Veículo: Brasil Econômico


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