Para BC, alta do juro não vai aumentar a inadimplência

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Diretor do banco diz que elevações 'marginais' da Selic não serão suficientes para restringir queda nos calotes

 

Ainda é preciso esperar para ver se haverá impacto no juro ao consumidor, segundo autoridade monetária

 

A recente alta da taxa básica de juros (Selic), reajustada na semana passada de 7,25% para 7,5% ao ano, não deve causar aumento na inadimplência, na avaliação do Banco Central.

 

Em geral, taxas de juros mais altas resultam em um nível de inadimplência maior, já que o custo do empréstimo sobe, tornando mais difícil para o tomador de crédito honrar as prestações.

 

Em março, o indicador de inadimplência, que considera atrasos de mais de 90 dias nos pagamentos, ficou estável em 3,6%, segundo dados divulgados pela autoridade monetária ontem.

 

Mesmo com o reajuste da Selic, a tendência para os próximos meses é de redução, avalia o BC.

 

"Esses aumentos marginais não vão constituir uma restrição à queda da inadimplência. São aumentos muito pequenos quando comparados à mudança de patamar dos juros que se verificou no ano passado", afirmou Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Banco Central.

 

CONSUMIDOR

 

A mesma certeza não existe quando o assunto é o impacto da alta da Selic nos juros cobrados do consumidor.

 

De acordo com Maciel, é preciso esperar o comportamento do custo pelo qual os próprios bancos captam recursos, que é influenciado por outros aspectos conjunturais além da taxa básica, como o risco do país.

 

No mês passado, os juros cobrados pelos bancos de pessoas físicas caíram 0,5 ponto percentual, após dois meses seguidos de alta, chegando a 24,4% ao ano.

 

Com isso, a taxa média geral, que inclui o custo dos empréstimos contraídos por pessoas físicas e jurídicas, chegou a 18,5% ao ano, segundo menor patamar da série histórica, iniciada em 2011.

 

Em 12 meses, a queda já chega a quase cinco pontos percentuais.

 

O movimento de redução dos juros vem provocando a diminuição do chamado "spread" bancário, a diferença entre o custo de captação do banco e os juros cobrados do tomador de crédito.

 

Em março, o indicador recuou 0,3 ponto percentual, para 11,7 pontos percentuais. No mesmo período de 2012, o "spread" estava em 15,3 pontos percentuais.

 

O estoque total de empréstimos no mercado chegou a R$ 2,4 trilhões em março, aumento de 1,8% em rela- ção ao mês anterior. No mês passado, foram emprestados R$ 280 bilhões.

 

Com isso, a relação entre crédito e PIB (Produto Interno Bruto) chegou a 53,9%. Segundo o BC, a estimativa é que o indicador feche o ano em 55%.

 

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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