Maioria dos serviços sobe mais que inflação

Leia em 2min 10s

Levantamento mostra que 62% dos itens tiveram reajustes acima da média; 91% ficaram mais caros em 12 meses

Sem concorrência de importados e com renda em alta, profissionais do setor repassam aumentos de custo

Não apenas a alimentação é a vilã da inflação. Os serviços seguem pressionados e com reajustes mais disseminados, atingindo nove a cada dez itens pesquisados.

Levantamento da Folha com base em dados do IPCA-15 (prévia do índice oficial do país, o IPCA), do IBGE, mostra que 91% dos serviços ficaram mais caros no acumulado em 12 meses até abril. Dos 45 analisados, 62% aumentaram acima da inflação no período (6,51%).

Sem a concorrência de importados --que seguram reajustes de produtos, inclusive de alguns alimentos-- e beneficiadas pelo mercado de trabalho aquecido, as empresas do setor tiveram espaço para reajustes.

Segundo Reginaldo Nogueira, professor de economia do Ibmec, a renda se mantém em alta e o país vive uma situação de quase pleno emprego, o que permite aos prestadores de serviços recomporem as suas margens de lucro e repassarem aumentos de custo, especialmente da mão de obra que ficou mais cara.

"O custo do trabalho continua a crescer e a pressionar a inflação principalmente no caso dos serviços, que sobem com o próprio aumento das mercadorias e das tarifas, mas cujo principal impacto é o reajuste da mão de obra."

SALÁRIOS


Segundo dados do Dieese, 86% dos aumentos salariais de 93 categorias subiram acima da inflação neste ano.

Não por acaso, o fisioterapeuta teve a maior alta entre os serviços (14,52%). Com aumentos acima de 10%, também surgem empregado doméstico (11,32%), médico (10,81%) e psicólogo (10,51%).

O empregado doméstico, porém, havia subido mais nos 12 meses até abril de 2012: 13,46%. O motivo é que o salário mínimo teve uma alta mais branda neste ano, de 9%, ante 14% em 2012.

Os aumentos dos serviços, que avançam além da inflação, já afetam o consumo e levam à substituição por opções mais baratas.

Vendedora autônoma de roupas e cosméticos, Valesca Amancio sentiu os seus clientes mais retraídos neste ano e viu o seu rendimento cair.

Resultado: cortou despesas. "Passei a sair menos à noite. Também tenho ido menos vezes ao cabeleireiro e à manicure e procurei um salão mais em conta."

ALÍVIO


Segundo Elson Teles, economista do Itaú, os serviços, de um modo geral, sobem no mesmo ritmo do início de 2012, mas "a queda da passagem aérea trouxe um alívio para a inflação neste ano".

Segundo o IBGE, as passagens aéreas caíram de preço graças a promoções --sinal de queda da procura.

Em 12 meses até abril, o item acumula retração de 13,21%. No mesmo período de 2012, elas lideravam as altas de serviços, com 45% de reajuste. Hotéis e excursões também subiram menos.



Veículo: Folha de S.Paulo


Veja também

Brasil "perde" US$ 6 bi em exportações

Valor corresponde ao que o país deixou de vender para China, EUA, União Europeia e Argentina no 1º bi...

Veja mais
Mercado prevê piora das contas externas e pressão maior no câmbio

Bancos calculam deficit de até US$ 90 bilhões neste ano, ante projeção do BC de US$ 67 bilh&...

Veja mais
Mercado reduz projeção para índice de preços

A projeção para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) em 2013 caiu de ...

Veja mais
Leão morde R$ 600 bi antes do Dia das Mães

O brasileiro já pagou mais de R$ 600 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais desde o primeiro...

Veja mais
Em SP, seis itens respondem por 72% da inflação

Os dados da inflação de abril em São Paulo apurados pelo Índice de Preços ao Consumid...

Veja mais
Dados sugerem PIB mais fraco, mas puxado por investimento

Os resultados da produção industrial de março colocaram em dúvida o crescimento esperado pel...

Veja mais
Com preços em queda, importado afeta, de novo, a produção local

Com a estratégia de preços mais baratos, a importação voltou a tirar espaço da produ&...

Veja mais
Índice de preços em São Paulo deve fechar o mês em 0,35%

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) deve fechar o mês de maio com uma taxa de 0,35%, acima da alt...

Veja mais
Economia dá sinais de desequilíbrio

Da balança comercial às contas públicas, da produção industrial à inflaç...

Veja mais