O efeito da onda de protestos no país, combinado à alta da inflação e ao crédito mais caro, ajudou a puxar para baixo a atividade do comércio em junho. Segundo a Serasa Experian, o movimento de consumidores no varejo caiu 1,6% em junho, ante maio, com ajustes sazonais. A empresa credita a queda às manifestações, que reduziram o fluxo de clientes nas lojas. Em maio, houve alta de 0,1%.
Piorou também a confiança do setor, medida no Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec), divulgado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), que caiu 0,1% em junho ante maio, atingindo 124,5 pontos. Na comparação com junho de 2012 esse nível de confiança recuou 1%. A confiança caiu tanto na expectativa do setor em relação ao futuro quanto na avaliação do segmento sobre o momento atual.
Fabio Bentes, economista da CNC, diz que prevalece entre os empresários o cenário de que os preços ao consumidor e os juros continuarão em alta. "Houve até recuo da inadimplência entre 2012 e 2013, que é bom. O efeito positivo desse recuo foi anulado por um remédio amargo no curto prazo, que é o aumento de juros. Mas é um remédio que vale a pena ser tomado, porque a pior notícia para o comércio é que em 2013 e 2014 haja a volta da elevação dos preços no atacado", diz.
A recente valorização do dólar frente o real também pode afetar o comércio, caso a moeda americana permaneça em "patamares elevados", próximos a R$ 2,20, diz Bentes. Ele destaca que o dólar caro eleva o preço de bens duráveis, já que parte deles é importada ou tem componentes estrangeiros.
Na queda da atividade do varejo em junho, a Serasa vê, além dos protestos, efeitos da alta dos juros e da queda de confiança dos consumidores. Os segmentos com os maiores recuos foram o de móveis, eletroeletrônicos e equipamentos de informática (-1,1%) e o de combustíveis e lubrificantes (-1%). Também o setor de tecidos, vestuário, calçados e acessórios teve queda de 0,2%. Na outra ponta, junho marcou alta de 6,2% no movimento das lojas de veículos, motos e peças e de 0,3% em supermercados, alimentos e bebidas.
No semestre, a alta de 8,1% foi puxada por variações idênticas dos segmentos de móveis, eletroeletrônicos e informática e de combustíveis e lubrificantes. Também o segmento de supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas exibiu um desempenho satisfatório, com elevação de 6,1%.
Veículo: Valor Econômico