Pesquisa da Fecomércio-SP revela que 82% das casas da Capital tiveram R$ 2.505 comprometidos por dívidas no ano passado
As famílias de Florianópolis foram as que mais gastaram a prazo em 2012, segundo pesquisa da Fecomércio-SP que levou em consideração um balanço das dívidas dos moradores das capitais do Brasil entre janeiro e dezembro do ano passado.
Depois de um quarto lugar em 2011, a capital de Santa Catarina ficou em primeiro no valor da dívida acumula pelas famílias, com uma média de R$ 2.505 – 22% a mais do que no ano anterior e 60% mais do que Boa Vista, município com a menor dívida entre as capitais em 2012.
A boa notícia é que a liderança de Florianópolis vem acompanhada de um dado tranquilizador: a cidade aparece em 22o lugar entre as capitais no comprometimento da renda familiar para pagar as contas.
Na avaliação do economista da Fecomércio-SC, Maurício Mulinari, o maior endividamento em 2012 é reflexo da combinação entre um aumento da renda familiar, que fez os moradores da Capital ascenderem à maiores faixas de consumo, e a expansão das linhas de créditos incentivadas pelo governo federal. Em Florianópolis, 82% das famílias tinham dívidas, o segundo maior índice entre as capitais, perdendo apenas para Curitiba.
– Percebemos que as famílias reagiam como o esperado aos planos do governo. Em 2011, quando restringiram o crédito, as compras retraíram, e ano passado, com o incentivo ao consumo, a população comprava mais. Mas este ano, com a inflação elevada e a corrosão dos planos de consumo, as famílias estão contendo os financiamentos – avalia Mulinari.
Segundo dados do IBGE, Florianópolis está em terceiro lugar entre as capitais no ranking de rendimento familiar – atrás de Brasília e Vitória.
Comprometimento da renda está na margem ideal
Sérgio Medeiros, presidente da FCDL-SC, atribui o comprometimento de 28% da renda dos moradores de Florianópolis (abaixo do limite desejável de 30%) pelo fato das famílias da cidade terem uma média salarial mais alta do que outras regiões do Estado e do Brasil.
– O fato de termos a Universidade Federal de SC, um grande número de servidores públicos e sermos um centro tecnológico, onde a maioria das pessoas ganha bem, faz com que a renda média seja maior e haja a possibilidade de se comprar mais à vista – considera Medeiros.
Mesmo com o cenário mais equilibrado, o presidente da FCDL-SC alerta que, com a alta da inflação neste ano, a tendência é que os catarinenses tenham mais necessidade de refinanciar suas dívidas, o que deve contribuir para uma retração do comércio.
O economista da Fecomércio-SC ressalta que, em comparação com maio do ano passado, o varejo teve uma retração de 4,6% em SC.
– O que se percebe é que esse alto endividamento e uma estagnação dos ganhos de renda no primeiro semestre causaram uma desaceleração do varejo. Esperamos que até setembro a situação permaneça a mesma para que, a partir daí, a inflação seja controlada e reflita nas vendas.
Veículo: Diário Catarinense