O incremento de 4,4% registrado pelo varejo do Estado de São Paulo em abril, ante ao mesmo período de 2012, apurado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) não deve ser suficiente para retomada do setor ao longo do segundo semestre.
Entre os problemas apontados por especialistas ouvidos pelo DCI destacam-se a inflação, inadimplência, taxas de juro mais altas e o fato do consumidor estar menos otimista com o cenário econômico.
De acordo com a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV) da Fecomercio-SP 83% dos estabelecimentos em atuação em 16 regiões de São Paulo tiveram faturamento de R$ 38,4 bilhões no período e apenas duas delas apresentaram recuo nas vendas no varejo, sendo elas: o Litoral e a de Jundiaí, no interior.
A entidade identificou também que, das 16 regiões analisadas, as duas mencionadas apresentaram retração no mês de abril na comparação com igual período do ano anterior, tendo recuo de 7,7% e 9,1% respectivamente.
Na contramão ficou Guarulhos, com incremento de 14% em suas vendas, e Sorocaba, com 11,5% de aumento nas vendas no período. Além disso, das regiões que tiveram crescimento - 13 - nove delas indicaram incremento superior a média do estado como um todo com 4,4%. São Paulo atingiu R$ 12,4 bilhões em abril, crescimento de 7% apurou a pesquisa.
A atividade com maior contribuição para o aumento das vendas no Estado de São Paulo durante o mês de abril foi o de lojas de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, com crescimento de 29,8% em relação a abril de 2012, e as concessionárias de veículos, com expansão de 17,2% na mesma comparação. Apenas duas atividades registraram queda de receita em abril: lojas de departamentos com queda de 21,7% e supermercados com - 2,9%.
Segundo Adir Ribeiro, presidente e fundador da Praxis Business - consultoria e educação corporativa para varejo e franchising - a pesquisa é vista com surpresa uma vez que a maioria dos indicadores têm apontado recuo consecutivos. "A entidade identificou que houve 4,4% de aumento no faturamento do setor no mês de abril na comparação anual e isso é positivo", disse ele. O executivo acredita que, mesmo em um momento em que as vendas têm se mostrado estagnadas, é provável que neste segundo semestre, ocorra uma pequena melhora nesse cenário. "O segundo semestre é esperado um pequeno uma pequena melhora para o setor", disse ele.
Mesmo indo na contramão do setor que dá sinais de retração, o empresário explicou que sentiu triplicar a procura pelos serviços de sua empresa. "De três meses para cá senti triplicar o volume de empresários que nos procuraram para auxiliá-los em processo de expansão e especialização de sua equipe", argumentou ele.
Investimentos
Na opinião do economista-chefe da GS&MD - Gouvêa de Souza, Ricardo Meirelles a perspectiva é que o varejo cresça cerca de 4% esse ano, quase metade do que foi visto em 2012. "O primeiro semestre foi lento, no segundo a recuperação será pequena e acredito que não haverá crescimento superior a 4% este ano", disse ele em entrevista ao DCI.
Para o economista, o ponto mais negativo da economia brasileira está na inflação, mas mesmo com todo o cenário de instabilidade, ele acredita que os investimentos previstos para este ano serão mantidos. "Acredito que os investimentos continuarão os mesmo, eles são terão aumento no período".
Meirelles afirmou que os investidores se preocupam com as incertezas do mercado, esse é o principal termômetro para o empresário. "A questão principal é que o empresário investe quando ele tem horizonte de esperança. Se todas as notícias forem negativas ele pode recuar", disse.
O pé no freio nos investimentos ainda não ocorreu, pois, mesmo em um setor estagnado, o varejo ainda cresce acima do Produto Interno Bruto (PIB). "A expectativa para o PIB desse ano está em 2,5%. No varejo o estimado é que esse crescimento chegue a 4% maior que a economia. Portanto investimentos ainda são viáveis aqui", concluiu o economista da Gouvêa de Souza.
Veículo: DCI