Aspectos como a altas nos juros, restrição de crédito e uma menor geração de empregos estão entre os principais fatores que abaixam as expectativas do varejo em relação às vendas do Dia dos Pais. Entidades do setor anunciaram projeções modestas em relação à data, caso da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que espera o pior crescimento das vendas nos últimos três anos, e da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), que prevê aumento de 3%, inferior aos 4% de 2012.
Marcas dos segmentos mais impulsionados pelas vendas do Dia dos Pais - caso de vestuário, calçados, perfumaria, bebidas e artigos eletrônicos - já estão se adaptando à ocasião, e também preveem um cenário um pouco pior do que era esperado no início do ano, embora continuem acreditando em uma alta das vendas para a data.
Em entrevista ao DCI, o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, aponta que as redes devem tomar algumas medidas em relação ao sortimento de produtos ofertados para conseguir aquecer suas vendas. "É preciso fazer uma adequação mais forte do portfólio de produtos em relação a essa nova realidade de consumo. A tendência é que os lojistas tenham um portfólio um pouco mais barato do que nos outros anos, para que os produtos caibam no orçamento do consumidor." O tíquete médio previsto pela CNDL para a ocasião é de R$ 90.
Pellizzaro ressalta que mesmo havendo uma clara desaceleração, o varejo ainda está crescendo. "Estamos esperando um crescimento menor do que nos outros anos, de 4%, o que ainda é bom, se comparado a índices mundiais. Temos visto uma desaceleração no ritmo de vendas desde o início do ano, e agora outros fatores fazem com que tenhamos uma expectativa menos otimista para o segundo semestre", destaca o executivo. "Vimos a inflação corroer o poder de compra no primeiro semestre, a elevação da taxa de juros, e agora os números mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados [Caged] apontam uma desaceleração superior a 20% na geração de novos empregos."
A atual conjuntura se tornou responsável por uma projeção menos otimista não só para o Dia dos Pais como também para o ano de 2013. "Tínhamos previsão de crescer 6%, mas já nos vimos obrigados a rever para 4,5%", revela o executivo.
Para driblar a crise
Mesmo com a projeção desanimadora por parte das entidades setoriais, os empresários acreditam que as vendas serão positivas no período. Para a Webfones, por exemplo, empresa de varejo eletrônico que comercializa apenas celulares, as perspectivas são boas. Segundo o sócio fundador Guilherme Ribeiro, hoje, como o consumidor costuma trocar de aparelho celular com nove meses de uso, o item torna-se um bom presente para o período. "Hoje todo mundo tem um celular e presentear com um aparelho novo não há chances de errar", disse. Para essa data especifica, a Webfones aumentou seu estoque cerca de 30% e acredita que suas vendas sejam de aparelhos de menor valor agregado.
"Temos produtos que custam até R$ 2,5 mil. Como a economia mostra-se complicada, é possível que a gente venha a sentir algum reflexo, ao invés de comprar o celular mais caro, o consumidor pode apostar em produtos de menor valor agregado", disse. A expectativa do executivo é que o tíquete médio de compras seja de R$ 400 a R$ 800 no período. Ribeiro explicou que, como eles são novos no mercado, a empresa espera crescer em 100% suas vendas neste Dia dos Pais.
Na Gradiente, a expectativa também é boa. Por meio de nota, a empresa afirmou que o Dia dos Pais tem sido um estimulador de vendas da marca. "Natal e Dia das Mães são historicamente muito fortes. Porém, Dia da Criança e Dia dos Pais são datas que também estimulam o consumo." A empresa apostou em diversos produtos, do mais barato ao mais caro, para atrair o consumidor. "Produtos eletrônicos são de grande interesse do público masculino e podem ser uma ótima opção também de presente. A Gradiente tem sugestões que vão de R$ 99, como o fone de ouvido, passando por um home theater de R$ 699. Mas sem dúvida, celulares e tablets têm sido as categorias de maior interesse neste ano e não deve ser diferentes no Dia dos Pais." A Gradiente acredita que seu tíquete médio vai girar em torno de R$ 450.
Já Salomão Salum, sócio-diretor do Grupo Afeet - detentor das redes varejistas de calçados Authentic Feet, Artwalk, Magic Feet e Tennis Express - "o brasileiro está se controlando neste momento econômico que o País está passando, e isto teve um impacto no varejo como um todo". Ele destaca, no entanto, que o setor acredita em um incremento nas vendas. "O Grupo Afeet tem apostado em ações on-line, e tanto a Artwalk como a Authentic Feet passaram a operar com e-commerce. Pretendemos alcançar novos públicos, que antes não conseguíamos".
veículo: DCI