Brasil busca acordo próprio de livre comércio com UE, diz jornal

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O Brasil buscará um acordo próprio de livre comércio com a União Europeia (UE), após tentar por 14 anos obtê-lo por meio do Mercosul, teria dito o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, ao site do jornal "Financial Times". Ao GLOBO, porém, o ministério das Relações Exteriores negou estar estudando um acordo isolado.

Segundo reportagem publicada neste domingo, Patriota disse que apresentará no fim deste mês proposta para acordo de livre comércio entre Mercosul e UE. Mas o movimento, sinalizou o ministro, permitirá ao Brasil buscar um acordo próprio com o bloco europeu.

- Há condições objetivas que criam fortes incentivos para avanço na iniciativa Mercosul-UE - disse o ministro ao "FT", acrescentando que há "expectativa de que cada país (do Mercosul) poderá negociar em ritmos distintos".

No entanto, a assessoria do ministro Patriota afirmou que uma negociação como essa não pode ser feita diretamente entre o país e a UE. Qualquer "união aduaneira" que envolva tarifas teria de ser feita no âmbito do Mercosul. Os assessores ainda não conseguiram contato com o ministro, mas imaginam que houve falha na comunicação entre a entrevista e a publicação da reportagem.

Um acordo Brasil-UE cobriria US$ 80 bilhões do comércio bilateral entre os dois, o que representa 37% das transações do bloco com a América Latina.

De acordo com o jornal, o movimento do governo brasileiro teria sido estimulado pelo lento ritmo econômico registrado no país no último ano. Além disso, o Brasil está prestes a perder um benefício tarifário para exportar à UE. Em junho do ano passado, a Comissão Europeia aprovou regulamento que acabará excluindo o Brasil, e vários outros países, do Sistema Geral de Preferências (SGP) europeu a partir de janeiro de 2014. Isso porque o Brasil é considerado país de renda média alta pelo Banco Mundial, classificação que compreende países com renda per capita entre US$ 3.976 e US$ 12.275.

O SGP garante tarifas de importação mais baixa a cerca de 10% das exportações para o bloco. Estudo elaborado pela Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que, em 2010, dos 31,1 bilhões de euros exportados para a UE, 3,6 bilhões de euros chegaram ao continente europeu com o benefício tarifário. Ao todo, naquele ano, um total de 5,2 bilhões de euros eram elegíveis ao benefício.

"Os principais produtos beneficiados foram industrializados de alto valor agregado, como máquinas, automóveis e autopeças. Com o fim do SGP, esses setores sofreriam o impacto de um aumento tarifário e podem perder espaço no mercado europeu", concluiu o estudo da Fiesp.



Veículo: Diário de Pernambuco


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