Inflação ditará rumos de 2014

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Conter a evolução do custo de vida é principal desafio na área econômica, seguido dos juros altos e do emprego


No périplo que o PT fará país adentro em 2014, quando tentará emplacar a reeleição de Dilma Rousseff por mais quatro anos, uma série de desafios surge no horizonte de preocupações do partido. Se no campo político a recuperação da popularidade da presidente já vem sendo parcialmente conquistada, no econômico, a missão é complexa. A começar pela inflação. Na opinião de assessores presidenciais, a recente desaceleração verificada entre junho e julho, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou apenas 0,03%, foi decisiva para que Dilma recuperasse seis dos 35 pontos que havia perdido da aprovação. Mas há quem avalie que, apesar de favorável, o freio na alta do custo de vida pode não se sustentar até o fim do ano que vem.


A inflação oficial caminha, a médio prazo, para convergir no teto da meta perseguida pelo Banco Central (BC), de 6,5% ao ano. Se isso ocorrer, de acordo com previsões de analistas do mercado financeiro, será a partir do segundo semestre do ano que vem, justamente quando os candidatos à corrida eleitoral estarão na reta final de campanha. Para amenizar essa alta, o BC já começou a elevar os juros básicos da economia, numa tentativa de esfriar o consumo das famílias e, com isso, trazer os preços para baixo. Em apenas quatro meses, a taxa de referência dos empréstimos bancários, a Selic, já foi elevada em 1,25 ponto percentual, para 8,5% ao ano.


Na avaliação de economistas ouvidos pelo Estado de Minas, esse é apenas o início de um novo ciclo de altas da taxa. Até o fim de 2013, a previsão é de que os juros cheguem a 9,25% ao ano. E, em 2014, quando Dilma e os seus principais adversários políticos estarão percorrendo o país em busca de votos, a taxa poderá bater na casa dos 11% ao ano. Embora amargo, o remédio é defendido até mesmo internamente dentro do governo.


Ao EM, duas graduadas fontes da equipe econômica disseram que o presidente do BC, Alexandre Tombini, ganhou da presidente Dilma Rousseff autorização para elevar a Selic até onde for necessário. A avaliação é de que a taxa, hoje em 8,5% ao ano, ainda está abaixo do que seria considerado o juro neutro, ou seja, o percentual que permitiria a economia crescer dentro do potencial sem pressionar a inflação. “O nível atual ainda pode ser considerado de política monetária expansionista”, ponderou uma das fontes, que prefere se manter no anonimato.

Mobilização e emprego Depois da onda de manifestações que o Brasil viveu, a Presidência da República e o Ministério da Fazenda têm recebido empresários, representantes de segmentos da economia, de sindicatos e participantes de movimentos populares. Guido Mantega, o chefe da economia, e seus assessores, deram início a uma agenda intensa de reuniões com com o objetivo de “estender a mão para o setor privado”. A intenção é clara: sinalizar para o empresariado que “o governo não é contra o lucro” e que está disposto a dialogar para mudar expectativas pessimistas no país.


Há ainda um objetivo ainda mais prático, o de reverter o baixo crescimento da economia. Nos dois primeiros anos da gestão de Dilma Rousseff, o Produto Interno Bruto (PIB), o conjunto da produção de bens e serviços no país, acumulou alta média de 1,8% — pior desempenho desde o governo Collor, entre 1990 e 1992. Para este ano, a avaliação de grandes instituições financeiras, como Itaú Unibanco, é a de que a expansão será de, no máximo, 2,1%.



Veículo: Estado de Minas


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