O desempenho fraco do varejo no primeiro semestre - no qual o volume de vendas acumulou alta de 3% e é o pior desde 2003, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em sua Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) - pode vir a se repetir no segundo semestre, mas com menor intensidade.
Como não há perspectivas de novos incentivos ao consumo e a conjuntura macroeconômica se mantém igual - inflação e inadimplência em alta entre outros fatores -, se houver melhoria do desempenho de vendas, será muito pequeno. Esse incremento pontuado será fomentado pelo Natal, considerada a melhor data para o setor, conforme explicou Ricardo Pastore coordenador do Núcleo de Estudos de Varejo da ESPM-SP. "O segundo semestre é sempre o melhor em vendas para o varejo. Mesmo com os seis primeiros meses com esse índice menor, acredito em melhora para os próximos meses", disse.
Pastore explicou que, além da data sazonal que influência o período, os empresários começam a se movimentar para não perder vendas. "Neste período os varejistas vão segurar as suas margens para não perder o volume de vendas". Com isso, a rentabilidade dessas empresas pode vir a ser menor neste ano.
Para o acumulado de 2013, em termos de crescimento real do setor, Pastore acredita que ficará em linha com as projeções anteriores, entre 3,5% e 4%.
A opinião é compartilhada pelo diretor do Núcleo de Estudos & Projeções Econômicas da Gouvêa de Souza (GS&MD), Ricardo Meirelles. O economista projeta que o varejo restrito (sem as operações de material de construção e automóveis) terá crescimento de 4% no acumulado do ano, o que representa um leve otimismo para o resto deste ano. "Nossa projeção desde o começo do ano foi nesse patamar. Mesmo com a preocupação de nossos clientes (empresários do setor varejista) mantemos um leve otimismo", disse ao DCI.
Meirelles acredita que passado o susto do primeiro semestre, 2013 é o ano em que o varejo passa por um processo de acomodação. "Encaramos este ano como o fim do ciclo da bonança visto nos últimos anos", disse.
Resultado
A pesquisa do IBGE apontou também que o volume de vendas em junho foi 1,7% maior na comparação com o mesmo mês de 2012. A entidade identificou que as maiores altas na comparação anual ocorreram nos ramos de combustíveis e lubrificantes que apresentaram incremento de 8,1% e artigos de uso pessoal e doméstico cresceu 7,8%.
Por meio de nota, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) afirmou que o desempenho foi muito aquém do desejado e que o principal fator para o resultado menor desde 2003 é a conjuntura econômica atual.
"Contribuem para a desaceleração do varejo este ano a acomodação do mercado de trabalho, que teve expansão de 1,5% na massa real de rendimentos nos últimos 12 meses, além da perda de fôlego na concessão de crédito aos consumidores (alta de 5,9% em relação a junho de 2012)."
Já dirigentes da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil ) acreditam que o consumo de combustíveis e lubrificantes, responsável por metade - 48% do volume de vendas do comércio no mês de junho de 2013 -, tenha camuflado o atual cenário vivido pelo comércio varejista.
No entanto foi identificado desaceleração de crescimento em cinco dois oito setores avaliados pela pesquisa do IBGE. Entre os mais afetados no período está vestuário, com queda de 1,4%. Móveis, papelaria e supermercados também apresentaram retração no período. "O setor varejista precisa ser movimentando como um todo. Se não fosse o forte consumo no segmento de combustíveis, o crescimento teria caído pela metade", avaliou Roque Pellizzaro Junior, presidente da CNDL.
Veículo: DCI