O Índice Nacional de Preços ao Consumidor - 15 (IPCA-15) já mostrou ligeira alta em agosto ante o mês anterior. Segundo o dado divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o indicador chegou a 0,16%, em relação a 0,07% no apurado em julho. Especialistas consultados pelo DCI acreditam que a apreciação do dólar ante o real o possa ter influenciado o indicador de forma modesta mas projetam que o grande impacto deva vir em setembro, pois por hora as empresas ainda têm estoques. Essa alta do dólar também deve pressionar o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a elevar os juros. O professor Daniel Miraglia, da Business School São Paulo (BSP) coloca que "esse patamar de câmbio é perigoso, vai ter algum repasse para a inflação também porque os preços das commodities subiram. Ficou claro que a postura do Banco Central seria apertar mais os juros do que antes", disse. Miraglia estimou um índice de inflação de 0,2% no fechado de agosto.
O especialista apontou ainda para o fato de que os chamados juros secundários (futuros) estão girando em torno de 24%, um taxa não vista nos últimos três ou quatro anos. "A alta do câmbio pode ser amortecida em parte pela alta dos juros secundários. O cenário mais provável não é de uma explosão inflacionária, deve ficar em torno de 6% no acumulado do ano, podendo chegar até a 5% se o câmbio voltar a patamares anteriores", completou.
Uma outra questão apontada pelos especialistas que também pode influenciar o índice de preços é a possível alta dos combustíveis. O professor do Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais (Ibmec), Nelson de Sousa coloca que "os preços estão sendo represados, é possível que o governo venha a fazer um aumento, se não fizer, o impacto será maior mas essa decisão é mais política".
O professor da BSP também teme a alta dos preços dos combustíveis. "O mercado está com medo do aumento da gasolina, a Petrobras está vendendo ativos e sua situação está bastante complicada". Ele acredita que o melhor momento para o reajuste seria agora, que ainda está um pouco longe das eleições [2014] e a inflação está baixa", colocou.
O Itaú Unibanco divulgou por meio de nota que revisou sua previsão para o IPCA fechado de agosto passando de 0,3% para 0,25%. "A alta em relação ao resultado de julho [0,03%] será determinada pelo fim das deflações nos grupos alimentação e vestuário e por uma queda menor do grupo transportes", disse a instituição na nota. Para o ano, a projeção do banco é de 6,1%.
Agosto
No acumulado do ano, o IPCA-15 está em 3,68%. Já em 12 meses está em 6,15%, próximo ao teto da meta estimulada pelo governo em 6,5%. O crescimento da taxa do IPCA - 15 de agosto é explicada, segundo o IBGE, em grande parte, pela menor queda dos grupos Alimentação e Bebidas que passou de -0,18% em julho para -0,09% em agosto e Transporte de -0,55% para -0,30%, aliada à alta de Saúde e Cuidados Pessoais que passou de 0,20% para 0,45% e Educação que foi de 0,11% para 0,68%. Os preços foram apurados com reajuste do semestre.
Dentro destes grupos, os cursos regulares variaram 0,56%, enquanto os cursos diversos (informática, idioma, etc.) apresentaram alta de 1,71%. Quanto à Saúde e Cuidados Pessoais, a alta foi decorrente dos resultados de serviços médicos e dentários (1,12%), de produtos de higiene pessoal (0,42%). Os preços dos remédios, porém, continuam em queda com 0,21%.
Veículo: DCI