O varejo oferta mais crédito para aumento de vendas

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Dados da Boa Vista Serviços apontam que a demanda do consumidor por crédito em agosto deste ano caiu 2,1% em comparação a julho. No resultado acumulado de 2013 (janeiro a agosto) contra o período correspondente ao ano anterior, a demanda do consumidor por crédito reduziu 0,6%. Nos 12 meses encerrados em agosto deste ano, houve elevação de 0,2% em relação aos 12 meses terminados no mesmo período do ano passado.

A queda só não foi maior porque as instituições não financeiras impediram, apresentando resultados melhores dos que os bancos. Para efeitos de comparação, a demanda por recursos em instituições financeiras caiu 4,1% na comparação entre agosto e junho desse ano. Nas instituições não financeiras a queda foi de 0,5% em igual período, ambas as análises com ajuste sazonal.

Quando confrontados os resultados acumulados nos últimos 12 meses contra o período anterior, as variações foram de -1,4% para o setor financeiro e aumento de 1,6% para o não financeiro. Esse último segmento é composto, sobretudo pelas empresas do setor de varejo e de utilities, que é o mercado de pagamento de contas de serviços públicos por meio do cartão de crédito.

Alguns fatores são apontados para justificar esse movimento, dentre eles está que o segmento não financeiro demora mais tempo para captar a tendência do crédito, tanto quando esse cresce, como quando cai.

"O crédito nas instituições não financeiras tem um 'delay' maior para captar as tendências macroeconômicas. Isso acontece porque as empresas do varejo resistem um pouco ao processo de restrição de crédito concedendo dinheiro por meio de outros mecanismos como crediário", afirmou o economista da Boa Vista Serviços, Flávio Calife.

Ainda de acordo com Flávio, essa resistência acontece porque as empresas do setor do varejo têm poucas opções de receita além das vendas de produtos. Os bancos, por sua vez, em um cenário mais adverso podem restringir o crédito e buscar outras formas para garantir a rentabilidade.

"O resultado do setor do varejo depende quase que exclusivamente das receitas advindas das vendas de seus produtos. Portanto, uma restrição ao crédito tem impacto direto nas vendas e isso faz com que as empresas do setor mantenham o crédito aquecido por mais tempo que os bancos", afirmou Flávio.

Apesar do crédito nos segmentos não financeiros segurar em parte a demanda do consumidor por crédito, a tendência é que as curvas se aproximem nos próximos meses. Para Flávio Calife, isso acontecerá porque a confiança do consumidor está em queda nesse ano e isso afetará nos próximos meses a demanda no varejo.

"O movimento do comércio já tem apresentados sinais de retração nos últimos meses, isso combinado com um aumento dos juros, com um mercado de trabalho crescendo num ritmo menos acelerado e inflação em alta irá impactar a demanda por crédito nesses segmentos", afirmou.

Para o professor de economia da ESPM, José Eduardo Amato Balian, "a demanda por crédito tem caído neste ano e esse processo irá chegar também ao varejo. Basta ver que os dados de movimento no varejo têm sido os mais fracos dos últimos anos". Em relatório divulgado à imprensa, o Itaú Unibanco afirmou que espera que o crescimento das vendas no varejo seja o mais fraco nos últimos nove anos.

Para Balian, os sucessivos aumentos da taxa básica de juros, Selic, são o principal fator da queda na demanda de crédito. "Nas últimas três reuniões o Copom [Comitê de Política Econômica] aumentou a Selic para combater a inflação. Como resultado as taxas para empresas e famílias sobem e isso esfria tanto a oferta quanto a demanda de crédito."

Ainda de acordo com o professor, a demanda demora mais a cair no varejo porque nesse segmento os juros praticados são menores que os cobrados pelos bancos, o que sustenta a demanda por um tempo maior.

"As taxas cobradas pelos bancos são pesadas, no varejo também são altas, mas um pouco menores porque as empresas precisam levar em conta que isso diminuiria suas vendas."



Veículo: DCI


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