A inflação acumulada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar este ano semelhante a 2012. Especialistas consultados pelo DCI projetam que indicador deve ficar entre 5,80% e 5,84%. O número é bem acima do centro da meta estipulada pelo governo de 4,5%, com tolerância até 6,5%.
"O IPCA fechado de dezembro deve ficar em 0,85%", projeta o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno. Esta também é previsão do Itaú Unibanco, segundo nota. "Com este resultado, o IPCA fechará o ano com variação de 5,84%, mesma taxa registrada no ano passado", completou a instituição financeira.
O IPCA-15 foi divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e chegou a 0,75%, acima dos 0,65% projetados pelo mercado. O índice é considerado uma prévia do indicador oficial e, no acumulado do ano, o IPCA-15 está em 5,85%.
Segundo o professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Nelson Marinho Benseny, o número é desconfortável, mas ainda estamos cumprindo a banda da meta. "O que está por trás disso, é a questão da gasolina, mas o pior foi a passagem aérea, que tive um aumento na casa de 20%", disse.
De acordo com o IBGE, em dezembro, o maior impacto individual foi exercido pelas passagens aéreas, cujo aumento de 20,15% gerou 0,11 ponto percentual de impacto. A gasolina veio em seguida, com preços 2,15% mais caros e impacto de 0,08 ponto percentual. Juntas, com 0,19 p.p., passagens aéreas e gasolina dominaram o índice do mês, respondendo por um quarto dele.
O grupo Transporte foi para 1,17%, após ter saído de novembro com 0,39%. Em dezembro, houve pressão, ainda, do etanol, com alta de 2,42%, e do item conserto de automóvel, que aumentou 1,06%. Mesmo com forte aceleração de novembro para dezembro, Transportes fechou o ano com 2,65% - a segunda menor posição nos resultados dos grupos, acima de Comunicação, que ficou com variação anual de 1,63%, apesar de os serviços de telefonia com internet terem subido 4,39% na passagem do mês.
Perspectivas
Para 2014, Rostagno disse que o governo tem um cenário desafiador. "A inflação de serviços acelerou para 8,95% [acumulado no IPCA-15] e já é um nível próximo ao visto em 2011, quando a inflação terminou o ano exatamente no teto da meta. Dados do mercado de trabalho têm indicado um aumento da renda e desemprego baixo; a inflação de serviços deve portanto continuar alta", disse.
O representante do banco Mizuho colocou ainda que o governo deverá continuar utilizando a estratégia de controle da inflação através dos preços administrados, como fez este ano. Ele ressaltou que "o espaço para isso está ficando pequeno porque a política fiscal do governo já está deteriorada". Além disso, ele lembrou que o preço do dólar deve sofrer novas altas no ano que vem, o que causa um aumento dos preços de produtos comercializáveis.
"A inflação deve se estabilizar neste patamar de 5,8% no primeiro semestre do próximo ano. Os preços no segundo semestre vão depender do cenário do câmbio. Estamos trabalhando com um dólar a R$ 2,50, o que faria a inflação fechar em 5,86%", previu o estrategista.
Já o professor do Mackenzie espera que no próximo ano tenhamos uma inflação mais baixa, próxima da casa dos 5% no acumulado. "No primeiro trimestre de 2014 já devemos sofrer os efeitos dos aumentos dos juros feitos neste ano e sentiremos um resfriamento do consumo", disse. Ele acredita que o Banco Central ainda tem espaço para aumentar a Selic entre 0,25 e 0,5 ponto percentual. "Fora isso devemos ter um crescimento mais baixo. Acredito, então, em uma regressão da inflação", completou.
Veículo: DCI