Retração, segundo especialistas, é resultado do cenário econômico de recessão
O Dia das Mães, segunda data mais esperada para o comércio, teve o pior desempenho nas vendas a prazo dos últimos cinco anos. Segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o volume de vendas a prazo entre 4 e 10 de maio caiu 3,55% em relação ao mesmo período do ano passado. Na capital mineira, de acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), as vendas no crediário e no cheque também apresentaram queda de 3,5% nos últimos três dias, frente a igual período de 2013.
A retração, segundo especialistas, é por conta do cenário econômico de recessão apresentado no país. A economista da CDL-BH, Ana Paula Bastos, diz que o declínio nas vendas está associado à desaceleração do ritmo de crescimento da massa real do salário e ao aumento dos preços, uma vez que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação fechou abril em 0,67% e já chega a 2,86% no acumulado do ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A inflação está corroendo a renda das famílias, que estão com medo de se endividarem e ficarem inadimplentes, evitando as compras a prazo”, explica.
O desempenho fraco já era esperado por lojistas e economistas, uma vez que a pesquisa da CDL-BH indicava também o menor tíquete médio dos últimos cinco anos, ficando entre R$ 30 e R$ 50. A economista da CDL-BH afirma ainda que o desempenho das vendas pode ter sido maior nas compras à vista, índice que ainda não foi divulgado, uma vez que 45% dos consumidores fariam as compras sem parcelamentos, de acordo com pesquisa. “Não é um cenário bom, já esperávamos um crescimento para o comércio menor que no ano passado, mas ainda está dentro das expectativas”, completa.
No Brasil, a projeção do acumulado de vendas no comércio para 2014 é de 3%, número que já pode ser revisto para baixo pela CNDL e pelo SPC Brasil. “O dia Dia das Mães é a segunda melhor data para o comércio, mas uma queda tão acentuada assim, de 3,55% no país, conseguiu surpreender até os mais pessimistas”, comenta Roque Pellizzaro Junior, presidente da CNDL. Para o comércio belo-horizontino a projeção de crescimento para 2014 é de 3,5%. No entanto, a previsão também pode ser revista, de acordo com as vendas do primeiro semestre.
Só nos presentinhos
Evolução do faturamento com as vendas para o segundo domingo de maio
Ano Variação
2014 - 3,55%
2013 6,44%
2012 4,04%
2011 6,53%
2010 9,43%
Fonte: CNDL
Peso menor na carteira
Valor do tíquete médio dos consumidores que compraram presentes nos últimos cinco anos
Ano Tíquete médio
2014 De R$ 30,01 a R$ 50
2013 De R$ 100,01 a R$ 150
2012 De R$ 51 a R$ 100
2011 De R$ 51 a R$ 100
2010 De R$ 51 a R$ 100
2009 De R$ 51 a R$ 100
Veículo: Estado de Minas