Moradores do interior do País consomem R$ 827 bi por ano

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O Brasil tem 4,6 mil municípios fora das capitais e regiões metropolitanas que reúnem 94,3 milhões de habitantes, o equivalente a 49% da população. A grande maioria (74%) desses moradores do interior vive em áreas urbanas e o consumo nessas regiões soma R$ 827 bilhões ao ano, o equivalente a 38% do total do consumo no País, conforme levantamento inédito do Sebrae, realizado em parceria com o Instituto Data Popular.

A pesquisa aponta que a cada R$ 10 gastos no Brasil, R$ 4 correspondem ao consumo efetuado no interior, e as cidades que crescem no rastro do agronegócio e aumento da renda têm atraído cada vez mais a atenção das empresas especializadas em planos estratégicos e consultoria. Afinal, ao desenvolver um plano de expansão para uma marca, seja no segmento de franquias, ou não, empresas como Rizzo Franchise, Grupo Bittencourt, Vecchi Ancona, GS&MD - Gouvêa de Souza, Grupo Cherto, entre outras, analisam o potencial e o perfil de moradores de cidades que possam entrar na lista de interesse de seus clientes corporativos.

No setor de centros de compras não é diferente. As administradoras de shopping centers buscam atrair marcas que tenham sentido no que se refere ao público que deverá frequentar o empreendimento, em um tipo de estrutura que visa casar gestão, fluxo e perfil de clientes de maneira correta.

O presidente do Sebrae, Luiz Barretto, aponta que como o consumo no interior hoje já é maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) de muitos países, como Chile, Dinamarca ou Portugal, por exemplo, ainda há muito potencial de crescimento, em especial para as micro e pequenas empresas que estão nessas localidades e conhecem melhor os mercados e as demandas da sua população.

Na opinião do presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, embora a renda seja menor no interior, o consumo vem sendo favorecido pelo desenvolvimento das cidades, afinal 63% dos beneficiários do Bolsa Família vivem no interior. Ainda conforme o levantamento do Sebrae e da consultoria Data Popular, nos próximos 12 meses esses consumidores das cidades menores planejam comprar principalmente móveis para a casa, TVs, geladeiras e máquinas de lavar, além de viajar de avião. Para o presidente do Sebrae, as chances de bons negócios são maiores para as micro e pequenas empresas. Ele ressalta que 73% dos municípios do interior têm menos de 20 mil habitantes, o que diminui o interesse das grandes redes.

Expansão de marcas

Uma das empresas que se mostra atenta ao novo perfil de espaços para crescimento no mercado brasileiro é o Grupo Lojas Avenida, rede de mora que teve sua história iniciada em 1978. O grupo possui, além da bandeira principal Lojas Avenida, também a loja multimarcas de calçados Giovanna e já é reconhecido como a maior rede de varejo de moda da região centro-oeste.

Há cerca de dois meses, a empresa estabeleceu uma sociedade com o Fundo de Investimento Kinea, gestora de recursos independente ligada ao Grupo Itaú Unibanco. A transação tornou o fundo sócio minoritário das lojas e contou com um aporte financeiro de R$ 250 milhões na companhia.

Como planejado, com o investimento, o grupo seguirá em expansão pelo interior de diversos estados brasileiros. Segundo informações da assessoria da empresa, a rede abrirá mais três lojas em São Paulo, nas cidades de Sorocaba, Piracicaba e Assis. Outros estados também receberão as novidades com a rede Giovanna de calçados, que analisa a estratégia de abrir lojas provavelmente no interior do Pará, de Cuiabá e também do Mato Grosso.

A empresa aponta que apenas neste mês já foram inauguradas três lojas, em Goiás, Mato Grosso e Espírito Santo. E até o final do ano, mais de 20 outras lojas, tanto em rua quanto em shoppings, serão abertas pelo Brasil.

IBGE

Apesar de algumas companhias do varejo manterem o foco em novas praças, o comércio varejista vivencia um ano de oscilações por conta do cenário de desaceleração do País. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou um levantamento em que o declínio na atividade do comércio no País apurado nos últimos meses, aponta para um "arrefecimento da economia". Conforme a pesquisadora Aleciana Gusmão, responsável pelos dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), o desempenho do setor está muito ligado ao consumo das famílias.

Segundo as pesquisas do IBGE, em janeiro houve alta de 0,4% nas vendas, na comparação com o mês anterior. Em fevereiro, o indicador ficou estável e em março, houve queda de 0,5%, ante o mês anterior. Com o resultado de março, o volume acumulado nas vendas do comércio no primeiro trimestre do ano cresceu 4,5%, o mesmo percentual de expansão do acumulado dos últimos 12 meses. De fevereiro a março, a queda de 0,5% reflete variação negativa em sete das dez atividades pesquisadas pelo IBGE na série sazonal. Os três resultados positivos foram em móveis e eletrodomésticos (1,5%); livros, jornais, revistas e papelaria (1,2%); artigos farmacêuticos, médicos e cosméticos (0,5%).



Veículo: DCI


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