Consumo das famílias deixa de ser motor do PIB

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O consumo das famílias, que foi o motor da economia desde 2004 e ficou praticamente estagnado no primeiro trimestre deste ano, continuou fraco em maio, tomando-se o indicador antecedente das vendas do comércio varejista. Exceção ocorre no caso dos televisores e smartphones, cujas vendas estão sendo impulsionadas pela Copa.

Para este ano, projeções indicam que o consumo das famílias vai crescer num ritmo igual ou até menor do que o Produto Interno Bruto (PIB). Com isso, o consumo deve mudar de função. "De potencializador do crescimento, o consumo das famílias neste ano deve evitar que a economia mergulhe numa recessão, ao lado dos gastos do governo", afirma o diretor GO Associados, Fabio Silveira.

Se no passado o consumo das famílias foi o motor, agora ele será a âncora para evitar a recessão, compara Silveira. Por enquanto, ele projeta para 2014 crescimento de 1,5% para o PIB e o consumo, mas com possibilidade de que consumo tenha desempenho ainda mais fraco.

Resultados das vendas financiadas do comércio varejista da cidade de São Paulo em maio confirmam a cautela do consumidor. Em maio, o número de consultas para compras a prazo aumentou, em média, 2,4% ante o mesmo período do ano passado, levando-se em conta o mesmo número de dias úteis, segundo a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

"Todo mundo está com pé atrás", diz o economista da ACSP, Emílio Alfieri. Ele ressalta que os consumidores estão dando preferência às compras de menor valor e pagas à vista. Tanto é que em maio as consultas para pagamento com cheque cresceram 6% na média diária em relação a 2013.

Dias úteis - A perda de fôlego do varejo no trimestre é confirmada pela pesquisa nacional de atividade do comércio varejista da Serasa Experian. Desde dezembro do ano passado as consultas para vendas financiadas estão desacelerando no indicador acumulado em 12 meses.

Em abril, o último dado disponível, esse crescimento estava em 2,9%, depois de ter encerrado fevereiro e março em 4,2% e 3,1%, respectivamente. Em abril de 2013, o indicador em 12 meses crescia 9,3%. "As vendas devem continuar desacelerando em 12 meses", prevê o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.

Inflação em alta, procura por crédito desacelerando por causa do aperto no orçamento doméstico e da elevação dos juros e a queda generalizada nos índices de confiança do consumidor são os fatores que, na avaliação dos economistas, estão jogando um balde de água fria no consumo das famílias.

Além disso, Rabi lembra que junho terá menor número de dias úteis por causa dos feriados nos dias de jogos da Copa do Mundo. "O segundo trimestre está perdido em termos de consumo, que deve ficar estagnado", diz Silveira, da GO. "Só as vendas de televisores e de bebidas poderão se sair bem nesse período", alerta Rabi.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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