O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, na última sexta-feira, que a economia brasileira voltará a crescer no segundo semestre, e reiterou que o momento é de evitar a parcimônia com medidas ousadas. Mantega manteve a meta de crescer 4% para o ano, e descartou crescimento negativo para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2009. "Eu afirmo que não teremos PIB negativo este ano, posso até fazer uma aposta pública‘", ponderou.
O ministro salientou que os investimentos cresceram 14% em 2008 frente a 2007, lembrando que os números, no entanto, ainda não estão fechados. E ressaltou que nem todos os setores da economia brasileira foram atingidos pela crise. "A demanda não caiu em todos os setores, acho que as vendas dos supermercados não caíram, por exemplo, e estão até crescendo", avaliou.
Durante encontro com empresários promovido pelo Grupo de Líderes Empresarias (Lide) e pela Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap), Mantega argumentou que a solução da crise vai depender da atitude que toda a sociedade terá para enfrentá-la, e garantiu que o governo fará todos os investimentos possíveis para minimizar o impacto da turbulência financeira. "Podemos liberar mais compulsórios se for necessário", disse o ministro.
A manutenção do nível das reservas internacionais do Banco Central, mesmo após a crise, foram ressaltadas pelo ministro. "Já passamos pelos quatro meses mais críticos da crise e nossas reservas continuam na casa dos US$ 200 bilhões, sendo que há países em que isso caiu pela metade", observou.
Cadastro Positivo
Mantega destacou que o presidente da Câmara, Michel Temer, garantiu celeridade na votação do Projeto de Lei do Cadastro Positivo, que permitirá às instituições financeiras trocarem informações, e com isso cobrarem de juros diferenciados para os bons pagadores. A expectativa é que a medida permita a queda dos spreads (diferença entre o custo de captação do recurso pelo banco, e o que ele cobra ao emprestar) e aumente a competição entre as insituições financeiras no País.
O ministro disse também que o recente aporte de recursos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai garantir pelo menos R$ 25 bilhões para investimentos da Petrobras.
Ajuste de produção
O empresário Abílio Diniz, Cadastro positivopresidente do conselho administrativo do Grupo Pão de Açúcar, destacou após o evento que muitas empresas utilizaram a crise como desculpa para realizar demissões advindas de ajustes de produção. "As empresas já vinham trabalhando muito acima de suas capacidades, então tem que separar e ver quantas demissões são efeito da crise, e quantas são ajustes que já vinham de antes", frisou.
O empresário também afirmou que após uma retração inicial, o consumo atualmente está normalizado, "até crescendo em relação ao começo do ano passado". Diniz salientou que o governo está tomando as medidas certas, e que o Brasil "ainda vai atrair muito capital este ano".
Veículo: Gazeta Mercantil