Apesar de índice que antecipa o rumo da atividade ter avançado 0,8% em novembro, após aumento de 0,9% em outubro, especialistas não esperam uma retomada do PIB no curto prazo.
O Indicador Antecedente Composto da Economia (IACE) teve a segunda alta consecutiva, com aumento de 0,8% em novembro, e de 0,9% em outubro. Especialistas, no entanto, têm perspectivas negativas e não esperam recuperação para o ano que vem.
Divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Faculdade Getulio Vargas (Ibre/FGV), o Iace tem como principal objetivo a antecipação dos rumos da economia brasileira no curto prazo.
Com a associação de oito componentes econômicos, o indicador alcançou 86,9 pontos e apresentou alta desde setembro, quando registrou recuo de 2,2%.
Para Aloisio Campelo, superintendente adjunto de ciclos econômicos do Ibre/FGV, no entanto, mesmo com as duas altas consecutivas, ainda não é possível encarar o índice como sinal de melhora econômica.
"Se você já está em recessão hoje, não adianta crescer só um trimestre e achar que isso vai virar a página. Se houvesse uma virada mais forte que conseguisse impactar na média móvel trimestral, seria uma coisa. Mas se nós desagregarmos o Iace por seus indicadores e desconsiderarmos aqueles que são meramente de expectativas, por exemplo, a primeira alta seria só agora em novembro, onde o índice recebeu uma contribuição muito pequena de indicadores quantitativos. E pelo conhecimento que nós já temos desse mês, em dezembro isso já vai se inverter", avaliou.
Os componentes que contribuíram positivamente na alta do Iace de novembro foram os índices de expectativas de Serviços, do Consumidor e da Indústria; o Índice de Produção Física de Bens de Consumo Duráveis; o Índice de Quantum de Exportações e o Índice de Termos de Troca.
De acordo com Andrew Storffer, diretor de economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) e diretor-presidente da América Energia, a perspectiva para 2016 ainda pode sofrer consideravelmente com os efeitos gerados neste ano.
"Eu não vejo nenhum sinal positivo nesse sentido, muito pelo contrário. O ano de 2016 infelizmente promete ser muito pior do que esse com seus efeitos. A economia neste ano foi muito mal, com uma retração significativa do PIB, estimada para chegar em 3,7%. Para o ano que vem a recuperação é quase nula. Pelo contrário, eu acho que até mesmo em 2017 a economia já esta ameaçada por um PIB [Produto Interno Bruto] negativo", analisa o diretor.
Segundo os especialistas ouvidos pelo DCI, o PIB é uma das questões mais relevantes a serem consideradas nas perspectivas do ano que vem.
"Ainda que a massa salarial não esteja caindo fortemente em 2016, o endividamento que os consumidores conseguiram nos últimos meses somados à desaceleração do mercado de trabalho, e à tendência de o consumidor continuar agindo como fator redutor de crescimento econômico, leva a crer que o cenário é ruim e vai continuar piorando", diz Campelo.
"A melhora depende da finalização da política monetária. Se ela muda o sinal, a gente consegue ver a luz no fim do túnel, caso contrário, a gente começa a ver um círculo vicioso" conclui Julio Miragaya, vice-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon).
Indicador Coincidente
Divulgado ontem pelo Ibre/FGV, o Indicador Coincidente Composto da Economia, que mede as condições econômicas atuais e a intensidade da atividade econômica em bases mensais também apresentou alta. Com aumento de 0,1% em novembro e 100,2 pontos, foi a primeira alta ante os recuos de 0,6% em outubro e setembro.
Veículo: Jornal DCI