Taxa oficial acumula alta de 9,39% nos últimos 12 meses, aponta IBGE.
A conta de luz voltou a ficar mais barata em março e foi a principal responsável pelo novo alívio na inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial do País, arrefeceu para 0,43%, menos da metade do resultado registrado no mês anterior, de 0,90%, informou na sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O desempenho trouxe a taxa acumulada em 12 meses de volta ao patamar abaixo dos 10%, ao atingir 9,39%, após quatro meses rodando acima dos dois dígitos. Embora ainda muito distante do teto da meta estabelecida pelo governo (tolerância máxima de 6,5% no ano), o ritmo de desaceleração está mais forte que o esperado por analistas do mercado financeiro, o que consolida o caminho para que o Banco Central (BC) dê início a uma redução na taxa básica de juros, a Selic.
“A inflação está caindo mais do que esperado pelo mercado. Isso confirma a minha expectativa de que a taxa de juro poderá sofrer seu primeiro corte em outubro”, disse o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.
Já o economista André Muller, da AZ Quest, acredita que o BC sinalizará com alguma alteração nos juros quando a desaceleração inflacionária passar a fazer parte dos cenários da autoridade monetária. “(O Banco Central) Deve ficar cauteloso, ainda mais nesse ambiente incerto”, disse Muller, que estima a Selic ainda nos atuais 14,25% ao ano até o fim de 2016, embora preveja que a taxa do IPCA acumulada em 12 meses caia para 8,3% em junho. O resultado representaria uma redução na taxa de inflação de 2,3 pontos porcentuais no primeiro semestre, confirmando a projeção de arrefecimento feita pelo BC.
A desaceleração no IPCA na passagem de fevereiro para março teve contribuição muito forte de apenas dois itens, energia elétrica e passagens aéreas, segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. As passagens aéreas tiveram novo recuo na tarifa em março, de -10,85%, o segundo maior impacto negativo sobre a taxa de inflação do mês, o equivalente a -0,04 ponto porcentual. O item só ficou atrás da energia elétrica, que contribuiu com -0,13 ponto porcentual após a queda de 3,41% na tarifa.
“Esses dois itens tiveram uma contribuição muito grande no sentido de conter a taxa do IPCA”, disse Eulina. “Ainda não é movimento generalizado de desaceleração. Ainda tem pressões para cima”, completou.
Outros itens que contribuíram para frear os aumentos de preços foram a taxa de água e esgoto (-0,43%), gás de cozinha (-0,42%), tarifa de telefone celular (-2,71%), telefone fixo (-2,89%) e serviços de excursão (-2,49%).
Os produtos alimentícios, entretanto, ficaram ainda mais caros no mês, com alta de 1,24%. O grupo Alimentação e Bebidas respondeu por 74% de toda a inflação de março. Os alimentos comprados para serem consumidos em casa subiram 1,61%. As frutas encareceram 8,91%, mas também registraram aumentos expressivos cenoura, açaí, alho, leite e feijão-carioca. Na direção oposta, o tomate se destacou por ter ficado 7,43% mais barato.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG