Pequenos sinais positivos sobre o ritmo da atividade econômica nos primeiros meses do ano, como os apontados em pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), não sustentam a hipótese de que se aproxima a estabilização da economia. Todos os indicadores continuam abaixo do nível médio que separa os campos positivo e negativo, confirmando as projeções de que haverá mais um ano de recessão forte e generalizada, salvo exceções como o segmento exportador e o agronegócio.
Entre janeiro e fevereiro, o faturamento real da indústria aumentou 1,6% e a utilização da capacidade instalada cresceu 0,5 ponto porcentual, de 77,1% para 77,6%, excluída a sazonalidade, segundo a CNI. Mas caíram as horas trabalhadas na produção, o emprego, a massa salarial real e o rendimento médio real.
O Índice de Confiança da Indústria (ICI Situação Atual) calculado pela FGV subiu 0,4 ponto porcentual entre fevereiro e março, mas isso se deve à desova de estoques a preços baixos. Já o indicador de expectativas do ICI piorou e está no menor patamar desde 2001.
O Índice de Confiança dos Serviços (também da FGV) revelou ligeira alta conjuntural, em contraste com a deterioração das expectativas.
Outras sondagens são bem mais negativas, caso do Indicador de Nível de Atividade (INA) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apontando queda de 1,7%, entre janeiro e fevereiro, e de 10,7%, comparado a fevereiro do ano passado. O pior sinal foi a queda no mês de 2,7% no número de horas trabalhadas na produção, enquanto o salário real caía 3,8%. O INA cedeu 6,2% em 2015 e a Fiesp espera nova queda, de 5,3%, neste ano. Igualmente ruins são os indicadores de produtos químicos e máquinas e equipamentos. As montadoras voltaram a apresentar números péssimos em março, segundo a Anfavea.
Os maus resultados seguem-se a um ano de graves dificuldades, em que o PIB diminuiu 3,8%, cresceu o desemprego e despencaram os resultados das empresas. O lucro de 294 companhias abertas analisadas pela Consultoria Economática mostrou queda de 19,5% entre 2014 e 2015 – e, incluídas Petrobrás, Vale e Eletrobrás, queda de 87,2%.
A continuidade da queda de produção, faturamento e lucros impõe às companhias a adoção de medidas difíceis, como chamadas de capital, venda de ativos, corte de pessoal ou até recuperação judicial ou fechamento da empresa.
Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo